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Investigadores portugueses calcularam que um vulcão extinto a oeste da costa portuguesa pode servir para capturar e armazenar o equivalente a 125 anos de emissões de dióxido de carbono (CO2) da indústria.
Usando outros vulcões extintos em todo o mundo o processo podia levar à captura de centenas de giga toneladas de CO2, indica a investigação, publicada na revista científica "Geology".
Ouça as declarações do investigador Ricardo Pereira à TSF
Os investigadores, Ricardo Pereira, da Faculdade de Ciências e Tecnologia, da Universidade Nova, e David Gamboa, da Universidade de Aveiro, dizem que o processo é mais seguro do que o armazenamento de CO2 em rochas porosas na subsuperfície, o método de sequestro de carbono mais usado na atualidade.
Ricardo Pereira, disse à Lusa que os vulcões têm a capacidade de armazenar CO2 de forma mais eficiente por serem formados por rochas basálticas, com propriedades mais consentâneas com esse processo.
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"O estudo demonstra que podemos ter uma ferramenta para contabilizar quanto cada vulcão pode capturar. E esta pode ser das formas mais seguras e eficazes de capturar CO2", disse.
O vulcão que serviu para o estudo é um vulcão submerso e parcialmente soterrado a uma centena de quilómetros a oeste da zona de Lisboa, chamado Fontanelas. Depois de um trabalho de investigação sobre o vulcão os investigadores procuraram contabilizar quanto CO2 podia ser armazenado. O processo e sequestro do CO2 é idêntico ao usado já na Islândia.
Ricardo Pereira lembrou que hoje a captura de carbono é normal, mas o desafio é armazená-lo. "A partir do momento em que temos o CO2 num fluido, como a água normal ou a água do mar, ficamos com um fluido rico em CO2 e essa mistura é injetada através de um poço em profundidade nas rochas", explicou.
O CO2 reage quimicamente com os minerais e no caso das rochas basálticas a reação é rápida, medida em meses ou anos, e nessa reação formam-se novos minerais, explica o responsável, afirmando que, de forma simples, é um processo idêntico ao que forma o calcário nos canos das casas.
O processo, que exige investimento, tecnologia e estudos de impacto, pode ser feito em qualquer lugar onde existam rochas magmáticas. E se aplicado em larga escala pode ser uma forma de reduzir o CO2, responsável pelo aquecimento global e pelas alterações climáticas.
Podem ser armazenadas, de forma segura e permanente, centenas, se não milhares, de giga toneladas de CO2, dizem os investigadores, segundo os quais o processo, de carbonatação mineral no vulcão, é considerado mais seguro do que o armazenamento em rochas porosas da subsuperfície, método mais comum atualmente.
Questionado pela Lusa, Ricardo Pereira admitiu que o processo terá algum impacto ambiental mas considerou-o menor e disse que pode ser feito de forma segura, além de que as emissões de gases com efeito de estufa envolvidas no processo de armazenamento serão infinitamente menores do que a quantidade de CO2 que pode ser armazenado.