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As entrevistas terão sido feitas pelos jornalistas Gordon Thomas e Max Morgan-Witts, durante a investigação que levaria à publicação do livro "Enola Gay: Mission to Hiroshima", em 1977.
Segundo o jornal japonês Mainichi Shimbun, as gravações foram encontradas em junho por uma família japonesa, entre os pertences de um membro que morreu recentemente. Os registos são consideradas pelos curadores do museu de grande valor histórico, já que permitem compreender melhor a missão secreta e o estado mental da tripulação.
As 27 cassetes contêm entrevistas a cinco pessoas, entre elas Paul Warfield Tibbets, o comandante que pilotou o Enola Gay, e Thomas Ferebee, o homem que carregou no botão que libertou a bomba atómica em Hiroshima.
Entre as 30 horas de áudio, Paul Tibbets descreve o que sentiu no momento da explosão: "Vi o brilho, senti-lhe o gosto. É verdade, senti-lhe o gosto, e sabia a chumbo. Isto por causa das amálgamas de chumbo que tinha nos dentes. Era da radiação, compreende? Por isso, quando senti o sabor do chumbo na boca, foi um grande alívio - sabia que ela tinha rebentado."
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Tibbets descreve também como a manobra evasiva que fez imediatamente após a libertação da bomba não foi suficiente para escapar à onda de choque: "Imagine que está dentro de um edifício de lata e alguém do lado de fora lhe bate com um martelo."
A bomba de urânio largada sobre Hiroshima detonou às 08h15 do dia 6 de agosto de 1945, a uma altura de 600 metros, exercendo 35 toneladas de pressão por metro quadrado no hipocentro. Foi a primeira bomba nuclear alguma vez utilizada em contexto de guerra. A segunda foi lançada em Nagasaki (também no Japão) três dias depois. No total, as duas bombas causaram a morte a 282 mil pessoas.