A eurodeputada Ana Gomes entende que já é altura de começarem a perfilar-se os nomes de potenciais candidatos à liderança do futura Procuradoria Europeia. E lança um nome que considera ser o mais bem posicionado no país para vir a liderar a instituição.
"Por exemplo, vejo o meu amigo José Lopes da Mota", sugere a eurodeputada, lembrando que este "foi presidente do Eurojust [e] foi retirado da presidência do Eurojust de forma absolutamente estranha e injusta, de maneira nenhuma, reflectindo o extraordinário trabalho que todos nos dizem que ele fez como membro do Eurojust e depois como presidente".
Para Ana Gomes, o atual conselheiro do Supremo Tribunal de Justiça seria o nome com mais potencial para alcançar a cúpula da estrutura, quando daqui a cerca de dois anos estiver a funcionar.
"Tem um perfil e tem toda uma experiência nacional e europeia que o qualificaria para aquele lugar", vincou Ana Gomes, esperando que "Portugal não se exima de apresentar uma candidatura e, designadamente esta, que tem, sem dúvida, qualificação e reconhecimento a nível europeu".
"É evidente que isso depende da iniciativa do próprio governo em que me empenharei se houver vontade por parte do dr. Lopes da Mota", prometeu a eurodeputada, em declarações à TSF.
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O jornalista João Francisco Guerreiro conversou com Ana Gomes em Bruxelas.
José Luís Lopes da Mota foi presidente do Eurojust. Em 2009 foi punido com 30 dias de suspensão pelo Conselho Superior do Ministério Público, por alegadas pressões a dois procuradores que investigaram o caso Freeport, que envolvia José Sócrates. Já anteriormente tinha sido suspeito de ter fornecido informações a Fátima Felgueiras sobre a investigação à autarca.
Já o eurodeputado Carlos Coelho considera que é ainda "muito cedo para lançar nomes para a praça pública", pois "vamos poder ter muitas candidaturas e, o painel de seleção é que determinará qual vai ser a lista reduzida que será considerada pelo Conselho e pelo Parlamento", frisou.
A futura estrutura, tal como está constituída juridicamente depende sobretudo da nomeação do procurador europeu. Depois dessa nomeação, os Estados-Membros serão convidados a nomear os seus procuradores-adjuntos, que virão a formar o colégio de procuradores.
Carlos Coelho discorda de Ana Gomes: ainda é cedo para avançar com um nome.
O regulamento determina que o procurador [europeu] seja escolhido de comum acordo entre o Conselho e o Parlamento com base numa "short list" proposta por um comité de seleção. Esse comité de seleção é composto por 12 pessoas, uma das quais é eleita pelo Parlamento Europeu e 11 são eleitas pelo Conselho, com base numa proposta da Comissão Europeia.
"Este painel de seleção ainda não está constituído", frisa o eurodeputado, considerando, por isso, "prematuro e despropositado" que "se comece já a falar de nomes" pois há ainda "demasiada intermediação de outros órgãos, que ainda nem estão constituídos, para se começar já a falar de nomes".
"A única instituição que já fez alguma coisa foi o Parlamento, que já escolheu a sua representante para o painel - que é a antiga ministra da Justiça francesa, Rachida Dati, que é deputada europeia - e agora a Comissão tem de propor os outros 11 e o Conselho tem de aprovar o acto jurídico que nomeia os 12 e, só a partir daí é que o painel de seleção pode reunir, pode abrir o processo de candidaturas, o comité de seleção, com base nas candidaturas", disse.