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"Meu nome é Anna Carolina Costa. Tenho 38 anos. Mora aqui na cidade do Rio de Janeiro. Sou professora de História da rede pública, mãe e militante do movimento feminista". A apresentação de Anna explica as razões que a levaram a envolver-se na luta das "Mulheres Unidas Contra Bolsonaro".
Tudo começou com um grupo de Facebook . Em 24 horas, mais de 2 milhões de mulheres tinham aderido.
O movimento cresceu e fez nascer outros grupos. Nas redes sociais há agora Costureiras contra Bolsonaro, Contrabaixistas contra Bolsonaro, Evangélicos contra Bolsonaro, Negros e Negras Contra Bolsonaro, LGBT's Contra Bolsonoro, "até torcidas de 'times' organizadas contra Bolsonaro", conta Anna. Só no Rio de Janeiro, mais de 40 grupos participam nos protestos deste sábado.
A jornalista Joana Carvalho Reis conversou com uma das organizadoras dos protestos no Rio de Janeiro.
As declarações de Jair Bolsonaro, candidato do Partido Social Liberal (PSL) à presidência brasileira, aumentaram a indignação.
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"É uma candidatura que tem um programa extremamente misógino, machista, preconceituoso, que defende por exemplo que as mulheres têm de receber menos que os homens porque engravidam; já deu declarações no Congresso dizendo que as mulheres merecem ser violadas; é um sujeito que, com um falso discurso de defesa da vida, é contra a legalização do aborto. E o aborto hoje mata mais de 10 mulheres por dia no Brasil", explica.
Anna lembra que o fantasma da ditadura brasileira está muito presente. "Estamos a voltar a uma altura em que está a tornar-se aceitável representantes das Forças Armadas darem declarações políticas, manifestarem-se politicamente, sentirem-se à vontade para atuar na política. E pelo tom da campanha [de Bolsonaro], pelo programa que ele apresenta, pelas declarações que são dadas pelos seus apoiantes, isso não está descartado".
As manifestações deste sábado têm como objetivo impedir que Jair Bolsonaro ganhe as eleições de 7 de outubro. Mas Anna garante que não acaba aqui. "O alcance que ele teve entre uma parcela da população é muito assustador. Então, é necessário ter essa resistência antifascista em permanente estado de alerta", avisa Anna.
A luta já começou. No sábado sai à rua. E as expectativas são grandes. "Não sei se aí em Portugal conhecem um bloco de Carnaval chamado Bola Preta, que quando chega o Carnaval arrasta 80 mil pessoas pelas ruas do centro. A nossa expectativa é que as ruas fiquem pequenas para o tanto de mulheres e homens que vão dizer, alto e bom som: Ele não! Ele nunca! E nem os filhos dele!".
Em Portugal, também se vão fazer ouvir vozes contra Bolsonaro. Há protestos marcados para Porto, Coimbra e Lisboa. Kacerine Queiroz, brasileira com cidadania portuguesa, a viver no Porto há 9 anos, está na organização destas manifestações.
A situação política no Brasil foi uma das razões para Kacerine decidir não voltar ao país de origem. Admite que a distância cria alguma angústia, mas considera que tem uma missão.
Os brasileiros que vivem fora do país têm a missão de denunciar o que se está a passar, defende Kacerine.
Para Kacerine, Jair Bolsonaro representa o que de pior há na sociedade brasileira.
Os sentimentos de xenofobia e misoginia que existem no Brasil vieram ao de cima com a candidatura de Bolsonaro.
Bolsonaro não é um problema só do Brasil, lembra Kacerine, que deixa um apelo para que todos participem nos protestos.
Bolsonaro "é um perigo, não só para o Brasil, mas para qualquer pessoa preocupada com o estado de direito".
Os protestos estão marcados para sábado. No Porto, na Praça dos Leões, às 15h; Em Lisboa, na Praça Luís de Camões e em Coimbra, na Praça 8 de Maio, às 16h.