Fanatismo do DAESH é apoiado pela Arábia Saudita

Os bombardeamentos na Síria não vão resolver nada e não são a solução para esmagar o DAESH é esta a opinião de um dos pensadores mais influentes sobre as questões islâmicas a nível global, Ziauddin Sardar, está em Lisboa para a conferência do futuro da Fundação Champalimaud.

Entrevistado pela TSF o Presidente do Instituto Muçulmano no Reino Unido, Ziauddin Sardar , disse que para combater o DAESH é preciso enfrentar a Arábia Saudita.

Porque "a Arábia Saudita é de onde vem todo este fanatismo mas nós apoiamo-la e não a confrontamos. Muitas pessoas perguntam-me de onde vem o DAESH? E a minha resposta é muito simples. O DAESH não vem de lado nenhum o DAESH sempre ai esteve. O DAESH é a Arábia Saudita. Se olharem para as Leis que eles implementam são as mesmas que existem na Arábia Saudita", explica Ziauddin Sardar.

O jornalista José Milheiro conversou com Ziauddin Sardar

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Para ele existe apenas uma diferença entre a Arábia Saudita e o DAESH: A Arábia Saudita aplica a "charia" (Lei islâmica) atrás das cortinas enquanto o DAESH filma as atrocidades e coloca-as no Youtube.

Na opinião de Ziauddin Sardar a Arábia Saudita é dominada por "uma seita fanática que há 70 anos era alvo de chacota entre os islâmicos e se tornou numa potência mundial e domina as mesquitas, doutrinou os jovens muçulmanos na sua ideologia do wahabismo" (uma vertente do islamismo sunita que tem estatuto de religião oficial na Arábia Saudita). É "uma minoria doentia" que "tornou-se tão poderosa que o mundo pensa que aquilo é o Islão", conclui o investigador, para quem "o islão não é o wahabismo ortodoxo da Arábia Saudita".

Deste modo "temos que declarar que a Arábia Saudita não representa as grande tradições da história islâmica baseadas na teologia e pensamento racional", defende Ziauddin Sardar.

Por outro lado, "as potências ocidentais não fazem nada (contra a Arábia Saudita) porque têm interesses económicos" com a monarquia islâmica.

È por isso, que perante os ataques de Paris, a atitude Ocidental em bombardear a Síria é uma "reacção impulsiva". "Bombardear é a coisa mais simplista que podemos fazer e de fato não resolve a questão, antes pelo contrário agrava os problemas torna tudo pior.

Parece-me que não aprendemos com a história. No Iraque, no Afeganistão no Líbano e agora na Síria, os bombardeamentos nunca resolveram nada e tornaram as coisas piores", conclui Ziauddin Sardar.

Ziauddin Sardar é um dos convidados da Fundação Champalimaud para pensar sobre os próximos 100 anos, uma conferência que hoje termina em Lisboa e reúne cientistas, filósofos e políticos.

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