Considerado um juiz que adota uma linha dura, Sergio Moro tem-se tornado um herói para parte da população brasileira, mas divide opiniões no meio jurídico.
Nos protestos do último domingo, que tiveram a participação de mais de três milhões de pessoas em pelo menos 200 cidades, a sua foto estava estampada nos cartazes e camisolas usadas por muitos brasileiros que foram às ruas pedir o fim da corrupção e do atual Governo do Partido dos Trabalhadores (PT).
Entre os seus pares, Moro é publicamente apoiado pela Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe), que já defendeu publicamente todas as medidas adotadas por ele na condução dos processos relacionados com a Operação Lava Jato, sobre um esquema de corrupção em várias empresas, incluindo a petrolífera estatal Petrobras.
No entanto, o juiz também foi criticado por dezenas de advogados penalistas e constitucionalistas, que redigiram um manifesto contra a condução destas investigações, afirmando que a operação desrespeita os direitos e garantias fundamentais dos acusados.
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Entre as medidas polémicas tomadas pelo juiz está a detenção para interrogatório (condução coercitiva) do ex-Presidente Luiz Inácio lula da Silva, obrigado judicialmente a prestar esclarecimentos sobre o seu envolvimento com empresas acusadas na Lava Jato a 04 de março.
O juiz despertou opiniões controversas da opinião pública ao divulgar, na tarde de quarta-feira, gravações de telefonemas de Lula da Silva nas quais o político criticou o sistema judiciário.
Moro também divulgou uma conversa de Lula da Silva com Dilma Rousseff, interpretada como indício de que o ex-Presidente estaria sendo supostamente a ser favorecido pelo Governo ao ser nomeado ministro.
Em dois anos, a equipa do juiz foi responsável por 134 mandados de prisão expedidos e 93 condenações criminais no âmbito da Lava Jato.
Os investigados e condenados são ex-funcionários da petrolífera estatal brasileira, executivos de grandes construtoras, políticos e agentes do mercado financeiro.
A operação já teve 24 fases e conseguiu recuperar 2,9 mil milhões de reais para os cofres públicos, segundo dados divulgados pelo Ministério Público.
Sobre a sua biografia pessoal, sabe-se que o juiz nasceu na cidade paranaense de Maringá, onde também fez faculdade. É casado e tem dois filhos.
Sergio Moro é doutor em Direito e especialista em crimes financeiros. Tornou-se juiz em 1996 e atualmente trabalha na 13.ª Vara Criminal Federal de Curitiba.