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A arrebatadora história de amor entre Mariana Alcoforado, religiosa desde a adolescência no convento de Nossa Senhora da Conceição, em Beja, e o oficial francês Noël Bouton, marquês de Chamilly, esteve na base das famosas Cartas Portuguesas, um clássico da literatura romântica mundial.
Um romance proibido, entre uma freira que, um dia, em plena Guerra da Restauração (1640-1665) cruzou olhares com o nobre gaulês através da famosa "janela de Mértola", hoje ex-libris do convento bejense.
A religiosa ficou perdida de amores e o romance, intenso e polémico, escandalizou meio mundo.
"Bem vejo que te amo como louca. No entanto, não me queixo de toda a violência dos arrebatamentos do coração (...)", confessou a jovem descendente de uma família de abastados lavradores locais, numa das famosas cinco cartas dirigidas ao oficial francês, que um dia rumou a casa, com a (vã) promessa de regressar.
Sóror Mariana bem esperou por esse dia até falecer aos 83 anos.
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Mariana dá nome a nova gama
No mês em que se assinala o dia de S. Valentim, a famosa história de amor foi reavivada com o lançamento da gama Mariana pela Herdade do Rocim, localizada ente Cuba e Vidigueira.
Dali, espraiando o olhar sobre as vinhas, avista-se a torre de menagem do castelo de Beja - a mais alta (40 metros) da Península Ibérica - situada a poucas centenas de metros do convento de N. Sr.ª da Conceição, hoje Museu Regional.
Uma ligação visual plena de simbolismo que reforçou a inspiração dos enólogos Catarina Vieira e Pedro Ribeiro ou não fosse a criação de um vinho (também) uma história de amor.
A gama Mariana - branco, tinto e rosé - destina-se a um público mais alargado, procurando alcançar consumidores de vários segmentos.
"É o vinho mais acessível da marca Herdade do Rocim. Quisemos democratizar o acesso a esta história de amor e, ao mesmo tempo, lançar uma gama que tem todo o potencial para crescer em volume", refere Pedro Ribeiro.
O tinto é um blend de castas tradicionais - Touriga Nacional, Aragonez, Alicante Bouschet e Trincadeira - com aromas muito exuberantes de fruta vermelha, taninos redondos e bom volume de boca.
As castas Antão Vaz, Arinto e Alvarinho conferem ao branco, um vinho elegante e fresco. No nariz, sobressaem as notas de fruta fresca tropical. É um vinho elegante e com bom volume de boca.
O rosé, produzido com Touriga Nacional e Aragonez, apresenta cor rosa pálida, notas de fruta vermelha e distingue-se pela sua mineralidade.
Mercado externo apaixonado pela história
O mercado nacional é a aposta forte da empresa com a gama Mariana, com preços a partir de sete euros por garrafa, neste início de 2022, com o lançamento de 100 mil garrafas; no entanto, Estados Unidos da América, Suíça e Brasil já se deixaram encantar pela história da freira Mariana. Desse modo, a Herdade do Rocim conta exportar 400 mil garrafas e, a confirmarem-se as previsões, tal representará este ano uma faturação de 1, 9 milhões de euros.
Um conjunto de sugestivos postais, assinados pelo ilustrador Bruno Gaspar, que contam a trágica história de amor, acompanha o vinho produzido pela Herdade do Rocim.
A marca Mariana é a mais recente de um vasto portefólio -- Olho de Mocho, Herdade do Rocim, Grande Rocim e Vale da Mata - presente em 39 países: Alemanha, Estados Unidos, Brasil, Angola, Suíça, Bélgica, Japão, entre outros.
A venda média anual de um milhão de garrafas proporcionou, em 2021, uma faturação da ordem dos 4,5 milhões de euros.