Estrasburgo, França, 02 jul 2019 (Lusa) -- O Parlamento Europeu iniciou hoje, em Estrasburgo, a nona legislatura, com os 'ouvidos' em Bruxelas, já que na quarta-feira os eurodeputados deverão eleger o presidente da assembleia desconhecendo ainda se o farão com base num compromisso no Conselho.
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O impasse que ainda se regista em Bruxelas, com os chefes de Estado e de Governo da UE a serem incapazes de alcançar um compromisso em torno de quem deverá dirigir as principais instituições europeias no novo ciclo político resultante das eleições europeias de maio passado, levou mesmo a que a agenda do primeiro dia do 'novo' Parlamento se limite à "constituição" formal da nona legislatura, pois a eleição do novo presidente já foi adiada para quarta-feira, à espera de progressos no Conselho Europeu.
Independentemente de haver ou não acordo em Bruxelas, a eleição do presidente do Parlamento Europeu está agendada para quarta-feira, às 09:00 locais (08:00 de Lisboa), podendo as candidaturas ser apresentadas até às 22:00 de hoje. Todos os grupos políticos estão para já na expectativa do que acontece no Conselho Europeu para decidirem os seus candidatos ao cargo.
O presidente cessante da assembleia, António Tajani, procedeu à 'abertura' oficial da legislatura 2019-2024, num curto evento que ficou marcado pela atitude dos eurodeputados do Partido do Brexit, de Nigel Farage, que viraram as costas enquanto tocava o hino europeu no plenário do Parlamento Europeu.
Os 751 eurodeputados foram convidados a levantar-se para ouvir o hino europeu, mas os 29 deputados britânicos do 'Brexit', eleitos na expectativa de que o Reino Unido deixe a União Europeia, mostraram hostilidade ao virarem-se de costas enquanto os músicos tocavam o Hino da Alegria, de Beethoven, e outros deputados britânicos, europeístas, envergavam 't-shirts' amarelas nas quais se podia ler "Stop Brexit".
Também no exterior do edifício houve lugar a outro protesto, de maiores dimensões, de milhares de catalães, por os três deputados independentistas catalães eleitos em maio estarem impossibilitados de marcar presença na sessão inaugural -- Carles Puidgemont e Toni Comín não têm a necessária acreditação, que teriam de levantar em Madrid, e Oriol Junqueras está mesmo preso em Espanha.
O 'novo' Parlamento Europeu, para a nona legislatura desde as primeiras eleições diretas, em 1979, tem deputados eleitos por 190 partidos dos 28 Estados-membros e continua a contar com 21 deputados portugueses, mais de metade dos quais 'estreantes', em linha com a tendência geral, já que 61% dos deputados são 'caras novas'.
A composição do plenário ainda pode sofrer alterações ao longo de todo o mandato, a maior das quais ocorrerá quando o Reino Unido sair da União Europeia (UE), o que determinará a redução de 751 para 705 deputados.