"A ideia deste tipo de sessão é mostrar a nossa capacidade e visão do que podem ser soluções para estes setores, ainda numa fase muito embrionária naturalmente, mas o espírito é criar conhecimento que mais tarde pode vir a ser desenvolvido", afirmou hoje o administrador executivo do INESC TEC.
Em declarações à Lusa, Luís Seca explicou que os resultados obtidos com os três projetos, intitulados CORAL, TEC4GROWTH e NanoSTIMA, vão ao encontro da "estratégia regional de especialização inteligente" definida pelo Norte 2020 e cujo objetivo assenta no reforço das "capacidades da região na investigação científica, no desenvolvimento tecnológico e na inovação".
A demonstração, que decorre esta sexta-feira no Campus da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP), e que celebra o término dos três projetos, conta com oito tecnologias da área da saúde, do mar, da indústria, da energia e dos media.
No âmbito do projeto NanoSTIMA, que se insere na área da saúde e foi financiado em mais de seis milhões de euros pelo Norte 2020, vai ser apresentado o Intelligent Lab on Fiber (iLoF), um método que recorre a técnicas de inteligência artificial para obter informações de diagnóstico e prognóstico de doenças como o cancro.
Citado no comunicado do INESC TEC, João Paulo Cunha, responsável pelo projeto, adianta que esta ferramenta "contribui para a obtenção de assinaturas biológicas específicas de cada doença em fluidos biológicos (plasma do sangue) de forma simples, rápida, não invasiva e de baixo custo".
Também na área da saúde vai estar em demonstração uma ferramenta que auxilia os radiologistas no processo de reconstrução mamária, através da deteção e caracterização dos vasos perfurantes epigástricos inferiores.
De acordo com o investigador do INESC TEC, Ricardo Araújo, a ferramenta, desenvolvida em colaboração com a Fundação Champalimaud, permite "automatizar" um processo que é bastante moroso para as equipas de radiologia "sem comprometer a precisão dos relatórios produzidos".
Já no âmbito do projeto CORAL, desenvolvido em colaboração com investigadores do Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental (CIIMAR), e financiado em mais de dois milhões de euros, vão ser apresentadas várias soluções, entre as quais uma ferramenta que auxilia na circulação oceânica.
Do TEC4GROWTH, projeto cujo financiamento ultrapassa os três milhões de euros, resultam também várias soluções, de como é exemplo a Fashion.Finder, uma tecnologia que, com recurso a técnicas de inteligência artificial, permite identificar acessórios de moda em conteúdos audiovisuais como vídeos de campanhas fotográficas.
Segundo a investigadora do INESC TEC, Paula Viana, citada no comunicado, esta tecnologia "pode ser também adaptada a áreas como o fotojornalismo, conteúdos noticiosos ou de eventos, permitindo por exemplo a identificação de personalidades em material de arquivo que possa ser reutilizado, e otimizando assim todo o processo de criação de novos materiais audiovisuais".
À Lusa, o administrador executivo do INESC TEC adiantou que no decorrer destes três projetos foram publicados 700 artigos científicos e patenteadas 21 soluções, das quais 19 são do instituto.
"Estes números demonstram que os objetivos primordiais destes projetos, que é capacitar a instituição com massa crítica para responder aos desafios desses setores, foi de certa forma conseguida", concluiu.