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A Hungria irá vetar novas sanções da União Europeia (UE) contra a Rússia e recusa-se a parar as importações de gás russo, depois de ter cedido no petróleo, anunciou esta sexta-feira o primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán.
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A UE já adotou seis pacotes de sanções contra Moscovo desde a invasão da Ucrânia, em 24 de fevereiro, e o mais recente inclui a proibição das importações de petróleo até ao final deste ano, sendo que a Hungria e outros Estados-membros mais dependentes beneficiam de um prazo mais alargado.
"A Hungria opor-se-á à adoção de um novo pacote de sanções [da UE], ainda mais se planearem incluir sanções relacionadas com o gás", disse Orbán na sua conversa regular de sexta-feira na rádio pública Kossuth, citado pela agência espanhola EFE.
Orbán, que é visto como um aliado de Moscovo na UE, disse que um possível embargo às importações europeias de gás natural da Rússia não é sequer uma base de negociação para a Hungria.
O chefe do governo húngaro referiu que na cimeira da UE da semana passada informou os restantes líderes europeus sobre a sua posição e defendeu que não deveria ser adotado um sétimo pacote de sanções.
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O primeiro-ministro húngaro lembrou que a Hungria concordou em aprovar o sexto pacote de sanções contra Moscovo só depois de ter obtido amplas isenções para o seu país em relação à compra de petróleo russo.
Mas a questão do gás "seria muito mais grave", afirmou.
A Hungria compra 85% do gás natural que consome à Rússia e 65% do petróleo.
O líder ultranacionalista húngaro tem defendido que as sanções não são a via para pôr termo à guerra na Ucrânia e alcançar a paz, embora as negociações entre as duas partes estejam suspensas há semanas.

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"Nenhum outro país diz isso. Estou sozinho com essa mensagem", disse.
Orbán também falou da possibilidade de um eventual "colapso da frente ucraniana" contra a Rússia poder significar um alargamento da guerra a áreas mais ocidentais do país e mais próximas da fronteira húngara.
Embora tenha admitido que este cenário é hipotético neste momento, o primeiro-ministro considerou que o país deve preparar-se para o enfrentar, se necessário, e para isso defendeu o desenvolvimento de maiores capacidades militares.
A NATO, que concluiu uma cimeira em Madrid na quinta-feira, ainda não discutiu "o que acontece se a frente ucraniana cair", afirmou.
No entanto, acrescentou, a Aliança Atlântica "decidiu reforçar a sua presença no Leste, incluindo na Hungria".
Na cimeira, a NATO decidiu reforçar os batalhões destacados nos Estados Bálticos (Estónia, Letónia e Lituânia) e na Polónia, bem como enviar outros para a Eslováquia, Hungria, Roménia e Bulgária.
Além das sanções contra a Rússia, a UE e vários países ocidentais têm fornecido armamento à Ucrânia para se defender das forças russas.
Desconhece-se o balanço de vítimas da guerra na Ucrânia, mas diversas fontes, incluindo a ONU, admitem que será muito elevado.
A guerra provocou também a destruição de muitas infraestruturas no país e a suspensão da exportação de cereais ucranianos, fazendo recear uma crise alimentar a nível global.