2022: o mundo em "permacrise" além da guerra

Outras guerras e eleições, vitórias e derrotas, os protestos no Irão e o acentuar dos efeitos das alterações climáticas, a morte de Gorbatchov, José Eduardo dos Santos e da Rainha Isabel II. O mundo além da guerra em 2022.

Num mundo em constante perestroika (transformação), mas aparentemente com menos glasnost (abertura), para o que é diferente ou minoria, este mundo em permanente e cíclico sobressalto (o dicionário de inglês da Collins chama-lhe, e considerou palavra do ano, "permacrisis" - período alargado de instabilidade e insegurança), despediu-se de Mikahil Gorbatchov, o pai da mudança na Europa de leste que ainda viu a Rússia tentar voltar ao império que foi. Ele - Gorbatchov - que nunca foi grande entusiasta da ideia da Crimeia pertencer à Ucrânia, como também não era entusiasta das investidas belicistas de Vladimir Putin.

O funeral do último presidente soviético, a 3 de setembro, não teve honras de Estado e nem de perto nem de longe teve o impacto do funeral de Isabel II, rainha durante 70 anos no Reino Unido.

Além das mortes naturais e das mortes na Ucrânia, o mundo viu muita gente morrer a atravessar o Mediterrâneo (1200 pessoas só este ano), além das mortes pela fome que vai galopando fronteiras e batendo recordes. Morreu de fome em 2022 uma pessoa a cada quatro segundos. 193 milhões de pessoas em insegurança alimentar no mundo em 2022, sendo especialmente grave a situação na República Democrática do Congo, Afeganistão e Iémen.

Este foi o ano dos protestos das mulheres iranianas e da repressão brutal por parte das autoridades da república islâmica, após a morte de uma curda iraniana de nome Mahsa Amini, transformada em símbolo de uma revolta que não terminou ainda.

Este foi o ano de vitórias eleitorais de João Lourenço em Angola, poucas semanas após a morte do antecessor José Eduardo dos Santos e com vitória da oposição, UNITA, na província de Luanda, a mais populosa e com mais jovens a votar. Gustavo Petro virou a Colômbia à esquerda e os republicanos não viraram tudo nas eleições intercalares americanas, uma vez que Biden e os democratas resistiram no senado e perderam por pouco a maioria na Câmara dos Representantes.

Expressiva (62%), foi a vitória em março de José Ramos Horta nas presidenciais timorenses, derrotando o incumbente Francisco Lu Olo Guterres. Richi Sunak sucedeu a Liz Truss no governo conservador britânico e Emmanuel Macron renovou o mandato no Eliseu em França, ganhando a Marine Le Pen, mas viu a extrema-direita consolidar a força na assembleia nacional a par da esquerda radical de Jean Luc-Melenchon que rebatizou a França Insubmissa, agora movimento mais amplo chamado Nova União Popular Ecológica e Social...

Em Itália, o furacão Giorgia Meloni fez o país virar para uma direita amiga de Mussolini e do fascismo, numa vitória clara com o apoio da Liga de Matteo Salvini e da Forza Itália de Silvio Berlusconi...

Viragem também à direita em Israel com o regresso ao poder de Benjamin Netanyahu, no executivo mais religiosamente conservador e ultraortodoxo que Israel já teve...

Viragem em sentido oposto no Brasil. Bolsonaro derrotado nas presidenciais, Lula regressa ao Palácio do Planalto e toma posse este domingo.

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