Ajuda de emergência pode ter "algum impacto" na conquista de votos para Bolsonaro

Jornalista João Gabriel Lima assinala que há "um imenso" estrato social no Brasil que está especialmente exposto a "solavancos na economia".

Quando falta um mês para as eleições presidenciais do Brasil, Lula da Silva é o candidato que as sondagens apontam como favorito, mas na TSF, João Gabriel Lima admite que Bolsonaro ainda possa conquistar pontos nos próximos estudos de opinião.

No programa Brasil 2022: A Caminho do Planalto, o jornalista e colunista do jornal Estado de São Paulo e da revista Piaui assinala que as medidas de auxílio de emergência aos brasileiros que foram anunciadas pelo atual presidente do país podem fazê-lo subir nas sondagens, até porque abrangem uma grande fatia da população.

"O Brasil voltou ao mapa da fome da ONU, tinha saído, mas voltou nos últimos anos, pela primeira vez em muito tempo há pessoas que não têm dinheiro suficiente para comer todos os dias", explica João Gabriel Lima, pelo que o auxílio anunciado por Bolsonaro "faz uma tremenda diferença".

"O que na Europa costumamos chamar classe média pelos padrões internacionais, no Brasil é entre 5 e 10% da população, a maior parte é de classe média-baixa", explica o jornalista.

"No Brasil chamamos-lhes 'brasileiros do meio'. Temos os brasileiros muito pobres, que de certa maneira estão resguardados por algumas políticas públicas, temos os 10% da classe média, e temos um imenso meio - o brasileiro típico - dos de classe média-baixa ou pobres, que não estão cobertos por políticas públicas e que batalham todos os dias para conseguir dinheiro."

Este é um estrato social especialmente vulnerável a "qualquer solavanco na economia" porque as pessoas que o compõem "caem de classe social, tornando-se muito pobres".

"Já se esperava que este dinheiro que o presidente Bolsonaro está a dar às pessoas, e que lhes é extremamente necessário para sobreviverem, impactasse as sondagens, mas o que vemos é que, de abril até agora, a diferença nos agregadores só caiu na margem de erro, de 14 para 11 pontos", assinala João Gabriel Lima, quando falta um mês para as eleições. "Agora que os resultados de alguma melhoria económica estão a aparecer, pode ser que isso traga algum impacto."

Perante estes dados, o jornalista revela que, ainda assim, a "aposta" de quem faz as sondagens passa por uma segunda volta nas presidenciais, com Lula da Silva a ser eleito no final da mesma.

"Todas as semanas falo com cinco ou seis executivos, ou diretores, de institutos de sondagem do Brasil e todos eles dizem: 'Se for para apostar, a minha é que há segunda volta e, na segunda volta, Lula deverá ganhar.'", revela.

As sondagens no país - "onde tudo muda todo o tempo" - têm também vindo a demonstrar que "o antibolsonarismo é significativamente maior do que o antipetismo", sendo que o atual presidente tem ainda um mês para conquistar popularidade e "diminuir a rejeição".

Um dos fatores que pode contribuir para tal é a presença nas redes sociais, com Bolsonaro a ter "algo em torno de 35 milhões de seguidores" no Facebook e Instagram contra "11 milhões de seguidores" de Lula da Silva.

A primeira volta das eleições presidenciais no Brasil está marcada para o dia 2 de outubro, com 12 candidatos na corrida ao Planalto.

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