"Algo no mundo não está bem, não podemos tomar nunca a democracia por garantida"

Pedro Neto, da Amnistia Internacional, assinala que a liberdade de expressão, "seja ela política e cívica, seja ela a da comunicação social", está cada vez mais reduzido.

O diretor-executivo da Amnistia Internacional (AI) em Portugal, Pedro Neto, alerta que as invasões deste domingo às sedes dos órgãos de poder do Brasil podem "contagiar" outros países e são "evidência concreta de que algo no mundo não está bem".

Em declarações à TSF, Pedro Neto nota que o que aconteceu em Brasília tem parecenças com e a invasão do Capitólio, em Washington DC, há dois anos.

"Foi muito semelhante e pode contagiar outros campos e outros países", porque "este tipo de líderes autoritários perde eleições e não aceita essa derrota". Assim, "direta ou indiretamente", incentivam "a tomada do poder, a insurreição e a destruição de propriedade privada ou propriedade estatal, não aceitando os resultados da democracia".

Estes são sinais de "um mundo e um ambiente que reduz cada vez mais o espaço da liberdade de expressão, seja ela política e cívica, seja ela a da comunicação social", um fenómeno "mais abrangente" que preocupa a AI. "Estes sinais e estes episódios são evidência concreta de que algo no mundo não está bem e que não podemos tomar nunca a democracia por garantida."

Sobre a extradição de Jair Bolsonaro, que tem sido pedida por alguns congressistas norte-americanos, Pedro Neto sublinha as diferenças entre o mundo da "retórica política" e o do trabalho da justiça.

Para haver um pedido de extradição "é preciso mais" do que retórica política: "Em primeiro lugar é preciso provas, evidências e uma investigação."

Apesar de estar nos Estados Unidos, Bolsonaro já se demarcou de qualquer responsabilidade sobre o que aconteceu e, "ao que temos conhecimento, esta viagem é temporária, terá um regresso mercado ao Brasil, portanto, não se trata de uma fuga".

Ainda assim, e perante as "condicionantes", é preciso "perceber se ele está foragido ou não", tendo depois de "haver um mandado de captura uma investigação", algo que a AI já pediu.

"Portanto, uma coisa é retórica política, outra coisa é trabalho jurídico e a investigação da Justiça", assinala, sendo que esta deve ser "imparcial e isenta, tem de buscar factos e identificar e provar quem foram os mandantes das manifestações".

As movimentações e o modo como tudo aconteceu "mostram que estas pessoas agiram em concertação".

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