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João Lourenço toma posse, esta quinta-feira, como presidente de Angola, naquele que será o seu segundo mandato. Luanda está, nesta altura, praticamente sitiada, com polícias, militares e carros de combate nas ruas da cidade. Além disso, as forças de segurança têm vindo a controlar a população para evitar qualquer tipo de protesto e vários ativistas têm sido detidos.
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Ouvida na TSF, Mihaella Webba, dirigente da UNITA, revelou que o ambiente em Luanda é de "terror". Só na quarta-feira foram presas 20 pessoas.
"Infelizmente, está um ambiente de terror, porque 20 ativistas da sociedade civil, ontem, foram presos. O serviço de investigação criminal foi às suas casas, foram raptados e presos para não fazerem hoje a manifestação que tinham convocado. Tirando isso, a UNITA já declarou que não vai à tomada de posse de um presidente que nós consideramos que não é legítimo", adiantou.
Ouça as declarações de Mihaella Webba, dirigente da UNITA, à TSF

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A UNITA já tinha revelado que não ia estar na tomada de posse de João Lourenço. No entanto, o partido do galo negro garantiu que os 90 deputados vão assumir os lugares no parlamento. Mihaella Webba sublinha que esta decisão visa evitar qualquer tomada do poder de João Lourenço, por via da mudança da constituição.
"Um dos motivos pelos quais a UNITA foi forçada a tomar os assentos foi exatamente para travar a possibilidade de João Lourenço poder alterar a constituição", afirmou a dirigente, sublinhando que a constituição angolana "pode ser alterada com dois terços dos deputados em efetividade de funções".
"Se a UNITA não tomasse posse, os deputados em efetividade de funções seriam 130 e, portanto, dois terços de 130 poderiam alterar a constituição e permitir que João Lourenço tivesse um terceiro mandato, ou um quatro, ou alterar a constituição como fez, por exemplo, Hugo Chávez, na Venezuela", acrescenta.
Mihaella Webba explica a razão pela qual os deputados da UNITA vão assumir os lugares no parlamento angolano
Ao contrário da UNITA, os restantes partidos da oposição garantiram que vão participar na cerimónia de investidura de João Lourenço, que conta com a presença de Marcelo Rebelo de Sousa. O presidente português será o único chefe de Estado não africano a marcar presença no evento.