Germano Almeida, autor de quatro livros sobre presidências americanas, faz na TSF uma contagem decrescente para as eleições nos Estados Unidos. Uma crónica com os principais destaques da corrida à Casa Branca para acompanhar todos os dias.
1 - OLHEM PARA O ROSTO DOS CANDIDATOS
Há várias formas de analisar um candidato à presidência dos EUA. Pelo currículo profissional e político. Pelo percurso de vida. Pelas escolhas familiares, religiosas, políticas. Pela plataforma social e eleitoral que representa. Pelo seu programa eleitoral (se bem que, no caso de Trump, isso fique difícil porque, simplesmente, não tem). Já sobre o aspeto físico é mais relativo: há estudos que apontam que geralmente os mais altos ganham (Clinton era mais alto que Bush pai, Obama era mais alto que McCain e Romney, Trump era mais alto que Hillary), mas que dizer de Harry Truman ou Bush filho (bem mais baixo que Kerry) ou, é claro, de Emmanuel Macron (1,75m) ou Nicolas Sarkozy (1,66)? Depois há aquelas coisas do tipo "a qual dos dois compraria um carro em segunda mão" ou "com quem ia beber uma cerveja ao fim da tarde?" Leandro Karnal, professor na Universidade de Campinas e na PUC - São Paulo, historiador brasileiro e especialista na história dos Estados Unidos (tem dois grandes livros sobre o tema, que recomendo: "História dos Estados Unidos" e "Estados Unidos: a formação da nação"), propõe uma formulação aparentemente mais simples e direta, mas ao mesmo tempo desafiante: "Olhem para o rosto dos candidatos". Quem vê caras vê Presidentes, será isso Karnal?
2 - E SE TRUMP VOLTAR A SER ELEITO PERDENDO O VOTO POPULAR?
Em 2016, aconteceu pela segunda vez em apenas cinco eleições que o candidato com menos votos foi eleito, por ter obtido a vitória no Colégio Eleitoral. Mas se em 2000 a diferença entre Gore e Bush foi de apenas 500 mil, em 2016 o fosso entre Hillary e Trump chegou aos 2,9 milhões. Seis vezes mais. Para agravar a coisa: nos quatro anos deste mandato, Trump nunca teve a maioria do eleitorado americano a apoiá-lo: nem nas sondagens, nem nas midterms de 2018. Ora... e se isso voltar a acontecer a 3 de novembro de 2020? E se Biden tiver mais votos mas Trump voltar a ser eleito pelos caprichos do Colégio Eleitoral? Não é provável, mas é possível - o FiveThirtyEight aponta 11% de hipóteses dessa junção acontecer. Shadi Hamid, na Atlantic, antecipa: "Trump não destruirá a América, mas a esquerda americana perderá a fé na democracia."
UMA INTERROGAÇÃO: Quanto republicanos que fizeram parte das administrações Bush pai e Bush filho vão apoiar Joe Biden?
ESTADOS DECISIVOS
Carolina do Norte: Biden 45-Trump 44 (NYT/Siena, 11 a 16 set)
Arizona: Biden 49-Trump 40 (NYT/Siena, 11 a 16 set)
Michigan: Biden 45-Trump 44 (EPIC/MRA, 10 a 15 set)
Wisconsin: Biden 52-Trump 46 (ABC/Washington Post, 10 a 13 set)
*autor de quatro livros sobre presidências americanas