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1 - CHOQUE E INDIGNAÇÃO; BANALIZAÇÃO; NORMALIZAÇÃO. MAS... NORMALIZAÇÃO, COMO ASSIM? COMO? Há três momentos na nossa relação com Trump. 1) Choque e indignação; 2) Banalização das diatribes ("olha, mais uma do Trump..."); 3) Normalização do inaceitável, acomodação. Essa terceira parte é que não pode ser. Normalizar o inaceitável? Como assim? Trump tem conseguido abafar tudo à volta, exercendo uma espécie de síndrome de Estocolmo: andamos todos a falar dele, mesmo que de forma negativa e crítica - mas ao falar só dele impedimos que se cumpra um certo equilíbrio no sistema. O Presidente dos EUA desbaratou, por culpa inteiramente própria, a força simbólica da sua palavra. Ao perder a "medida" dos avisos que faz, perde a vantagem competitiva enorme que o poderio americano lhe poderia dar e passa a um jogo de "tudo ou nada" do qual dificilmente conseguirá tirar algo de positivo. Parece um adolescente a falar, ou então um autor de livros de autoajuda: é tudo maravilhoso ou horrível; fantástico ou terrível; o mundo que Trump apresenta é dual "bons e maus", "ganhar ou perder", para a América ser vencedora é preciso derrotar os outros... E a realidade não é assim, não é preto ou branco, tem tons cinzentos, é complexa.
2 - PORQUE É QUE TODOS E NÃO SÓ OS AMERICANOS NOS DEVEMOS PREOCUPAR COM A ELEIÇÃO PRESIDENCIAL AMERICANA? Bernard-Henri Lévy, filósofo francês: «O que está a acontecer aos EUA é muito triste para a América, em primeiro lugar: está a perder grande parte da sua credibilidade, quando se tem um aliado e quando se diz ao resto do mundo que esse aliado não vale nada. E é muito mau também para os aliados americanos, que continuam a precisar dessa aliança. O que costumávamos chamar de Ocidente está a acabar. E isso é bom para os autocratas deste mundo, que se sentem reforçados no seu projeto de acabar com os valores ocidentais e com o projeto europeu. Os EUA estavam habituados a ser o líder moral do mundo. É muito triste ver como isso está a ser desfeito. O lado solar da colina, são vistos assim desde os peregrinos e é assim que a maioria dos americanos ainda veem os EUA. Ora, esse lado solar está agora a apagar-se. O Ocidente sem os EUA ficam sem referência, deixam de ser o Ocidente. A democracia sem o exemplo de liderança e referência dos EUA não pode ser verdadeiramente a democracia. Isso é uma grande fonte de preocupação para todos, não só para os americanos.»
UMA INTERROGAÇÃO: O que vai mudar e o que vai ficar essencialmente na mesma na política externa numa provável Administração Biden?
UM ESTADO: Nebraska
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Resultado em 2016: Trump 58,8%-Hillary 33,7%
Resultado em 2012: Romney 59,8%-Obama 38,0%
Resultado em 2008: McCain 56,5%-Obama 41,6%
Resultado em 2004: Bush 66,0%-Kerry 32,7%
(nas últimas 12 eleições presidenciais, 1 vitória democrata, 11 vitórias republicanas)
- O Nebraska tem 1,94 milhões habitantes: 78,2% brancos, 11,4% hispânicos, 5,2% negros, 2,7% asiáticos; 50% mulheres
5 VOTOS NO COLÉGIO ELEITORAL
UMA SONDAGEM: Nebraska - Biden 51/Trump 44
(GQR Research: 30 junho/5 julho)
*autor de quatro livros sobre presidências americanas