Dois Josés conversaram sobre Francisco e um deles quer um abraço

Mourinho e Tolentino Mendonça juntaram-se em Roma para conversar sobre um homem cuja comunicação ambos elogiam.

PorMiguel Laia com Gonçalo Teles
© Filippo Monteforte/AFP

O Centro Fé e Cultura "Alberto Hurtado", da Universidade Pontifícia Gregoriana, juntou em Roma José Mourinho e José Tolentino Mendonça para um debate sobre os dez anos do Papa Francisco à frente da Igreja Católica e a preparação da Jornada Mundial da Juventude deste ano, em Lisboa.

O treinador de futebol revelou que, se um dia estiver com Francisco, vai pedir-lhe um abraço, fruto da proximidade que sente para com o papa. O cardeal segue a mesma via: Francisco é "quase um vizinho".

Foi pedido a Mourinho que descrevesse o papa. O medo assumido de dizer heresias arrancou risos na sala, mas logo depois o treinador revelou o que lhe vai no pensamento.

"Não conheço o papa pessoalmente, mas se um dia o conhecer e estiver com ele, a primeira reação será: 'Dá-me um abraço.' Não consigo vê-lo como papa. Ok, é Sua Santidade, óbvio que sim, é o papa, com tudo o que isso representa... Mas é quase vizinho", assinalou. A proximidade é geográfica, já que o papa e Mourinho partilham a mesma cidade, a de Roma, mas também simbólica.

Ouça aqui a conversa entre Josés: Mourinho e Tolentino Mendonça.

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É o que sente também José Tolentino Mendonça: "Não basta ser vizinho, é preciso estar-se vizinho. Podemos estar a um metro de distância e, na realidade, a dez quilómetros ou a anos-luz. O papa está a anos-luz ou a quilómetros de distância e é sempre nosso vizinho, é uma capacidade incrível. Nem precisa de uma equipa de comunicação genial!"

O cardeal português que Francisco escolheu, no ano passado, para "ministro da Cultura e Educação" do Vaticano estende os elogios a essa comunicação. "Ele não parte muitas vezes de um conceito, de uma ideia. Como tantas vezes diz, a realidade é superior à ideia. E, de facto, o papa não parte de uma ideia. O papa parte de imagens, de Imagens da realidade."

De volta a José Mourinho, a análise a Francisco vira-se para o futebol italiano, a que regressou em 2021 para orientar a AS Roma. E há uma do calcio que o português aplica ao papa: "Um de nós."

O que o define é "a forma como fala", de um modo "que qualquer um, independentemente da sua formação académica, percebe-o perfeitamente. A mensagem entende-se facilmente. É por isso que o digo com todo o respeito, é um de nós". Para Mourinho, Francisco é um "homem fantástico".

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