O reforço foi admitido pela secretária-geral do Sistema de Segurança Interna. Mensagem do grupo islâmico diz: "Hoje Bruxelas e o aeroporto belga, amanhã talvez Portugal ou Hungria".
Corpo do artigo
As medidas de segurança em Portugal foram reforçadas na sequência de uma ameaça do Daesh divulgada, há dois dias, num canal de propaganda do grupo extremista. Nessa mensagem, que incluía ameaças aos Estados Unidos e à Europa, foi feita uma referência direta a Portugal: "Hoje Bruxelas e o aeroporto belga, amanhã talvez Portugal ou Hungria".
A notícia, foi publicada pelo jornal Washington Post, e depois pelo Expresso que acrescentava que a ameaça estava a ser analisada pelas autoridades portuguesas.
Numa declaração à agência Lusa, e confrontada com a notícia, a secretária-geral do Sistema de Segurança Interna, Helena Fazenda, disse que "a situação foi conhecida e foram tomadas as medidas de reforço e articulação entre as forças de segurança".
Helena Fazenda referiu que "foram tomadas as medidas de reforço que tinham que ser tomadas, incluindo nos aeroportos, no contexto do que foi publicitado (mensagem), havendo uma articulação de todos as forças e serviços de segurança, incluindo os serviços de informações".
Entretanto, o gabinete de imprensa da ministra da Administração Interna, Constança Urbano de Sousa, referiu que "as autoridades portuguesas estão a acompanhar esta informação, como fazem com todas as outras, direta ou indiretamente que façam referência a Portugal ou a cidadãos portugueses".
Fonte das forças e serviços de segurança portugueses adiantou à Lusa que, após o conhecimento da mensagem, houve um reforço das medidas de vigilância nos aeroportos portugueses, apesar do nível de alerta se manter inalterado (moderado).
À TSF, Filipe Pathé Duarte, porta-voz do Observatório de Segurança, Criminalidade Organizada e Terrorismo, diz que esta ameaça, não devendo ser desvalorizada, tem de ser posta em perspetiva: "Esta mensagem tem uma dimensão propagandística para provar a real capacidade do Daesh dizendo que ninguém está a salvo. Temos que interpretar isto desta forma e, ao mesmo tempo, descansar as pessoas e não entrar numa espécie de paranoia de que somos um alvo terrorista e continuar a nossa vida, porque não é a primeira nem a segunda, nem a terceira vez que Portugal é mencionado".
O professor universitário acrescenta que "é importante também perceber que há uma relação simbiótica entre o jihadismo que utiliza o jihadismo como forma de expressão violenta e os media", ou seja, "estarmos a analisar esta situação é corresponder àquilo que é pretendido: não é só pela ação violenta que se propaga o medo, mas também pela ameaça da ação violenta".
A mensagem do Daesh surge uma semana depois dos ataques de Bruxelas que mataram 32 pessoas e feriram cerca de 300.
Esta não é a primeira vez que Portugal é referenciado pela propaganda do Daesh.
Terroristas portugueses vigiados
Os serviços de informações acompanham, desde 2013, portugueses e lusodescendentes que se encontram atualmente na Síria, ligados ao grupo Daesh (Estado Islâmico), indica o Relatório Anual de Segurança Interna (RASI) de 2015, entregue hoje no parlamento.
"Os resultados alcançados pelos serviços de informação têm permitido rastrear cidadãos nacionais que se deslocam para os palcos de 'jihad' para se juntarem "ao grupo Estado Islâmico ou à Al-Qaida e detetar células relacionadas com o recrutamento de 'jihadistas' ou com a promoção de apoio logístico a grupos terroristas transnacionais", refere o RASI no capítulo "ameaças globais à segurança".