Casa Branca faz ultimato aos diplomatas que protestaram, através de um canal oficial, contra o decreto de Trump que proíbe entrada de cidadãos de 7 países muçulmanos.
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"Ou eles alinham com o programa ou vão-se embora", declarou o porta-voz da Casa Branca, Sean Spicer, considerando que foi dada à carta subscrita por diplomatas do departamento de Estado uma atenção "desproporcionada e exagerada" e que eles devem ponderar bem as posições que assumem.
O instrumento do departamento de Estado designado como "canal de dissidência" é usado desde a época da guerra do Vietname para permitir aos funcionários expressarem as suas opiniões e pontos de vista aos superiores hierárquicos, mas os observadores estão a classificar como extraordinário ver um tal movimento apenas dez dias após a posse do novo chefe de Estado.
O secretário de Estado escolhido por Trump, o ex-patrão da ExxonMobil, Rex Tillerson, ainda não foi confirmado na pasta dos Negócios Estrangeiros pelo Senado e há uma série de cargos de topo no departamento de Estado ainda por ocupar.
O porta-voz do departamento ainda em funções, Mark Toner, indicou que o memorando da discórdia ainda não foi entregue.
"Temos conhecimento de uma mensagem enviada através do canal de dissidência sobre a ordem executiva intitulada 'Proteger a nação da entrada de terroristas estrangeiros nos Estados Unidos'", declarou.
O diplomata recordou que este meio de contestação dentro do ministério é "um instrumento oficial de longa data que permite aos funcionários do Departamento de Estado expressar opiniões e perspetivas diferentes sobre questões de política externa".
Toner não forneceu mais pormenores sobre o conteúdo do texto nem sobre o número de diplomatas que o apoiam ou o subscreveram.
Este canal de comunicação foi acionado em junho, quando cerca de 50 diplomatas se pronunciaram pela necessidade de os Estados Unidos atacarem militarmente o regime sírio, uma severa crítica contra o Governo da altura, dirigido pelo Presidente Barack Obama, que não queria intervir na Síria.
Mas uma contestação emanada do Departamento de Estado 10 dias após a investidura do Presidente dos Estados Unidos é um acontecimento sem precedentes.
Muitos diplomatas de topo que ocupavam cargos "políticos" durante a Presidência de Obama saíram nos últimos dias, mas muitos mantêm-se integrados nos Negócios Estrangeiros e os quadros intermédios estão ainda em funções.