Um tribunal do Cairo considerou não culpados quatro responsáveis policiais indiciados pela morte de centenas de manifestantes durante a revolta popular do início de 2011, na última decisão do género de uma instância judicial.
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Os quatro generais da polícia encontram-se entre os 200 oficiais dos serviços de segurança e outros responsáveis do antigo regime que foram julgados ou ainda enfrentam acusações em processos paralelos relacionados com a morte de mais de 800 manifestantes durante os protestos que implicaram a demissão do ex-Presidente Hosni Mubarak.
O líder deposto foi condenado a prisão perpétua por não ter conseguido impedir a repressão, mas a maioria dos responsáveis policiais foi absolvida, ou ainda permanece em julgamento.
Até ao momento, apenas dois casos implicaram a condenação dos responsáveis suspeitos, mas as duas instâncias em causa optaram pela suspensão da sentença, ou por um julgamento à revelia.
Para os críticos, estas decisões deixam sem resposta a questão da atribuição das responsabilidades pelas mortes.
Muitos egípcios acusam as autoridades de não promoverem uma investigação adequada sobre os acontecimentos ocorridos nos primeiros dias dos protestos, em janeiro de 2011, quando a polícia de intervenção atuou de forma indiscriminada contra as centenas de milhares de manifestantes anti-Mubarak. O ministério do Interior é ainda acusado de ocultar ou manipular as provas que revelariam os responsáveis pelas mortes.
Em paralelo, um outro tribunal absolveu quatro antigos militantes jihadistas, durante um novo processo e após um tribunal militar os ter condenado a diversas penas à revelia, incluindo tentativa de golpe, e decretado a pena de morte.
Os quatro indicados são antigos dirigentes do grupo militante Gamaa Islamiya, responsável pelo assassinato do antigo Presidente egípcio Anwar al Sadat, em outubro de 1981. Entre os absolvidos inclui-se Mohammed el-Islambuli, irmão do assassino de Sadat.