Israel afirma que Hamas tem "comida suficiente para alimentar uma epidemia de obesidade"
"Ninguém no Hamas está a passar fome", garante porta-voz governamental, um dia após Israel ter suspendido a ajuda humanitária à Faixa de Gaza
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O Governo israelita afirmou esta segunda-feira, um dia depois de Israel ter decidido suspender a ajuda humanitária à Faixa de Gaza, que o Hamas tem "comida suficiente para alimentar uma epidemia de obesidade".
"O Hamas acumulou meses e meses de provisões", disse o porta-voz governamental, David Mencer, numa conferência de imprensa em Jerusalém.
"Têm comida suficiente para alimentar uma epidemia de obesidade, mas as únicas pessoas que estão a engordar são os membros do Hamas [...]. Ninguém no Hamas está a passar fome", acrescentou, numa altura em que a ONU apelou no domingo a Israel para restabelecer imediatamente o fluxo de ajuda humanitária a Gaza.
Israel bloqueou no domingo a entrada de ajuda humanitária na Faixa de Gaza, invocando desacordos com o Hamas sobre a forma de prosseguir o cessar-fogo, pois o movimento de resistência islâmica recusa prolongar o acordo de cessar-fogo, iniciado a 19 de janeiro e que expirou domingo, após 15 meses de guerra, deixando todo o processo num impasse.
Esta segunda-feira, o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, afirmou ter um plano para exercer "a máxima pressão" sobre o Hamas para que aceite as condições de Israel para prolongar a trégua em Gaza, noticiou um canal público israelita.
Após o bloqueio da ajuda humanitária a Gaza, o plano israelita prevê agora a deslocação forçada dos habitantes do norte do território palestiniano para o sul e a interrupção do fornecimento de eletricidade.
A medida final, se o Hamas não aceitar um compromisso, será o regresso total à guerra, desta vez utilizando as bombas pesadas recentemente disponibilizadas pela nova administração norte-americana de Donald Trump.
O diário Israel Hayom referiu, no entanto, que Netanyahu, ao contrário dos seus aliados de extrema-direita no Governo, "quer esgotar todas as possibilidades de libertar os reféns antes de retomar a guerra".
O cessar-fogo interrompeu 15 meses de combates na Faixa de Gaza, no âmbito da ofensiva lançada por Israel após ter sofrido um ataque do Hamas a 7 de outubro de 2023.
Dos 251 reféns sequestrados pelo Hamas durante o ataque em Israel, 62 continuam detidos em Gaza, incluindo 35 mortos, segundo o exército israelita.
No ataque sem precedentes, os militantes do Hamas e de outros grupos radicais mataram também cerca de 1200 pessoas, segundo as autoridades israelitas. A retaliação israelita fez mais de 48.300 mortos em Gaza, de acordo com o Hamas.
A segunda fase do acordo devia ter começado no domingo e previa o fim definitivo da guerra e a libertação dos últimos reféns mantidos na Faixa de Gaza.
A terceira e última fase tem a ver com a reconstrução do enclave palestiniano, um projeto com um custo de mais de 53 mil milhões de dólares (50,5 mil milhões de euros, ao câmbio atual), segundo estimativas da ONU.
