Paris, sob alto risco de grande inundação, deve prevenir potenciais prejuízos (OCDE)
A região de Paris está fortemente exposta aos riscos de uma grande inundação caso exista um aumento excecional do caudal do rio Sena, como ocorreu em 1910, alertou hoje a Organização de Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE).
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O crescimento e o emprego da região Île-de-France, mas também as finanças públicas, poderão ser fortemente afetados, referiu a organização num estudo hoje apresentado às autoridades francesas.
No relatório, a organização indicou que uma inundação de grandes proporções poderá afetar cinco milhões de habitantes da zona da capital francesa e ameaçar 400 mil postos de trabalho.
A nível de danos direitos, a OCDE prevê que o valor poderá subir até 30 mil milhões de euros.
Ainda em termos económicos, durante os cinco anos seguintes, o Produto Interno Bruto (PIB) da região poderá sofrer um corte entre 0,1% e 3% (1,5 mil milhões de euros a 58,5 mil milhões de euros, respetivamente).
De acordo com o estudo da OCDE, as recentes inundações registadas na Europa ou a tempestade Sandy em Nova Iorque em 2012 demonstraram o impacto devastador que este tipo de fenómeno pode ter atualmente no funcionamento das infraestruturas, no bem-estar dos cidadãos e na economia de grandes aglomerados urbanos.
«Uma grande inundação, no coração do mais importante centro económico da Europa continental, poderá provocar danos consideráveis», lê-se num texto divulgado na página na Internet da OCDE.
Perante este eventual cenário, as estradas, a circulação ferroviária, os sistemas de esgotos e o fornecimento de eletricidade e de água ficarão paralisados em grande parte da região, que é responsável por um terço da atividade económica de França, sublinhou ainda a organização.
O metro de Paris seria igualmente encerrado e as pontes que cruzam o centro da cidade ficariam fechadas à circulação de veículos.
O relatório indicou que após as grandes inundações de 1910 e outros fenómenos menores, registados em 1924 e 1955, foram feitos investimentos em estruturas preventivas, revelando no entanto que esse esforço parou no início da década de 1990.
Desde então, a construção de fábricas, escritórios, casas e estradas ao longo do rio, em áreas propensas a inundações, veio aumentar os riscos, segundo a organização internacional.
«O investimento tem sido modesto nas últimas décadas e parece que a proteção não está ao mesmo nível do padrão, em comparação com outros países da OCDE, nomeadamente na Europa», advertiu a instituição, que apelou para um maior esforço na prevenção.