O subsecretário de Estado para a Diplomacia Pública e Assuntos Públicos, Steve Goldstein, foi demitido pela Casa Branca horas depois de ter comentado publicamente o afastamento de Rex Tillerson.
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"O secretário de Estado não falou esta manhã com o Presidente e desconhece as razões" [da sua demissão], declarou Steve Goldstein, após Donald Trump ter publicado hoje de manhã na rede social Twitter uma mensagem que dava conta do afastamento de Rex Tillerson e da nomeação do atual diretor da agência de espionagem norte-americana (CIA), Mike Pompeo, para assumir a pasta da diplomacia norte-americana.
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Fontes oficiais norte-americanas citadas pela agência norte-americana Associated Press (AP), que falaram sob a condição de anonimato, afirmaram que Steve Goldstein foi informado da decisão de Trump pouco tempo depois de ter feito o comentário sobre o afastamento de Tillerson.
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"Mal posso esperar para descansar", disse, entretanto, o subsecretário de Estado em declarações à agência francesa France Presse (AFP), ao comentar o seu afastamento.
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Rex Tillerson, que tinha iniciado na semana passada o seu primeiro périplo pelo continente africano, decidiu na segunda-feira encurtar esta viagem e antecipar o regresso a Washington. A equipa de Tillerson disse na altura que o representante tinha encurtado em um dia a permanência na Nigéria devido a "trabalho urgente" em Washington.
A nomeação de Mike Pompeo ainda tem de ser confirmada pelo Senado (câmara alta do Congresso norte-americano). Citado pela estação norte-americana CNN, o senador republicano Bob Corker, líder da comissão de relações internacionais do Senado, indicou que a audiência de confirmação de Pompeo será em abril, mas sem indicar uma data específica.
Em dezembro de 2016, a escolha de Rex Tillerson, então presidente-executivo do gigante petrolífero Exxon Mobil, para liderar a diplomacia dos Estados Unidos levantou várias questões.
Sem qualquer experiência diplomática ou governativa, Tillerson foi apresentado ao mundo como próximo do Presidente russo, Vladmir Putin, e do Kremlin. O próprio chegou a confessar ter ficado "boquiaberto" quando Trump lhe fez o convite para liderar o Departamento de Estado e admitiu que só assumiu a pasta porque a mulher o convenceu.
Rex Tillerson, de 65 anos, sempre manteve uma postura discreta e muito cautelosa no uso das palavras, mas as divergências com Trump revelaram-se notórias em vários importantes dossiês, como as alterações climáticas ou o Irão.
Trump não facilitou a tarefa de Rex Tillerson. Por exemplo, retirou-lhe o emblemático dossiê israelo-palestiniano, assunto que confiou ao seu genro Jared Kushner.
Também em relação à Coreia do Norte, os dois representantes faziam declarações públicas contraditórias. Enquanto Tillerson elogiava a influência dos esforços diplomáticos contra as ambições nucleares da Coreia do Norte e a abertura de canais de comunicação com as autoridades norte-coreanas, Trump prometia "fogo e fúria" contra Pyongyang.