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Angola despede-se este fim de semana do antigo Presidente da República, José Eduardo dos Santos. As cerimónias arrancaram este sábado com um cortejo fúnebre que culminou na Praça da República.
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As cerimónias fúnebres do homem que governou o país de 1979 a 2017 concluem-se no domingo, dia em que completaria 80 anos.
O corpo do antigo chefe de Estado, que morreu em 8 de julho em Barcelona, Espanha, chegou a Angola há uma semana, em 20 de agosto, após um litígio judicial entre duas fações da família Dos Santos.
A cerimónia oficial de Estado começou na sexta-feira, dois dias após as eleições gerais. Segundo os resultados provisórios, ganhou o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), mas a União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), na oposição, não reconhece a vitória.
Pelas 8h30 da manhã deste sábado, o corpo saiu da antiga residência oficial de José Eduardo dos Santos (Miramar) em cortejo fúnebre com honras militares. Um cortejo que começou tímido e até alguma indiferença, mas que mudou ligeiramente de tom à medida que a urna chegava ao memorial na Praça da República, como testemunhou a TSF no local.
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"Estamos aqui por uma questão humana." Cortejo fúnebre arrancou tímido junto à residência de José Eduardo dos Santos
"Zedu, Zedu, Zedu", ouviu-se na chegada da urna à Praça da República. Pelo meio, entoaram alguns insultos. Quem ali se dirigiu, foi por motivos fortes, como ex-combatentes na guerra pela independência ou militantes de sempre do MPLA.
"Quando nos tornámos independentes, éramos apenas quatro a cinco milhões de habitantes. Veja bem a diferença (...) Temos saudades dele para sempre", diz um dos presentes, vestido a rigor com a bandeira da República na lapela. "Simboliza muito para um cidadão que ama a sua pátria e que também ama o seu partido".
O primeiro dia de cerimónias ficou marcado pela fraca afluência do povo. "Está muito pouca gente, esse povo também é ingrato. Ele fez muito por esse país, ele é que nos trouxe a paz. (...) E agora... Ninguém, está vazio. Acho que o povo está chateado com o MPLA (...) O povo está chateado, há muita fome. Não vai melhorar", atira uma angolana escutada pela TSF.
Ouça aqui a reportagem de Dora Pires, enviada especial da TSF a Luanda
No domingo, haverá honras militares num programa que inclui música lírica, leitura de mensagens do Estado angolano e da família, do MPLA, da Fundação José Eduardo Santos e leitura do elogio fúnebre, bem como um culto ecuménico, acompanhado de grupos corais.
Após um momento de saudação e deposição de coroa de flores por parte do Presidente angolano, seguiu-se a saída da urna com honras militares e início do cortejo fúnebre para o jazigo onde haverá uma cerimónia restrita, com representantes de governos estrangeiros.
Entre os convidados estão 21 delegações de alto nível, incluindo os Presidentes de Portugal, São Tomé e Príncipe, Cabo Verde, Moçambique, Guiné-Bissau, República Democrática do Congo, República do Congo, Zimbabué e África do Sul, bem como representantes de Ruanda, Guiné Equatorial, Gabão, Namíbia, Timor-Leste e Zâmbia.
O Presidente Marcelo Rebelo de Sousa está em Luanda acompanhado pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, João Gomes Cravinho.
*Com Melissa Lopes e Lusa