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O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, afirmou esta terça-feira ao homólogo irlandês, Leo Varadkar, que está determinado a "nunca" impor controlos físicos na fronteira com a Irlanda depois do Brexit, mas recusa o atual acordo de saída.
Reiterando a determinação em concluir o processo de saída do Reino Unido da União Europeia (UE) a 31 de outubro, o primeiro-ministro britânico afirmou, num telefonema tornado público pelo seu gabinete, que "em qualquer cenário, o governo estará firme no seu compromisso com o Acordo de Belfast e nunca vai exigir controlos físicos ou infraestrutura física na fronteira".
"O primeiro-ministro deixou claro que o governo vai abordar qualquer negociação que tenha lugar com determinação, energia e espírito de amizade, e que a clara preferência é sair da UE com um acordo, mas tem de ser um que elimine a solução" para a Irlanda do Norte, refere um comunicado.
O Acordo de Saída negociado pelo governo de Theresa May com Bruxelas prevê uma solução de último recurso, designada por 'backstop', que consiste em criar um "território aduaneiro comum", abrangendo a UE e o Reino Unido, no qual não haveria quotas ou tarifas para produtos industriais e agrícolas.
Esta solução só entraria em vigor após o período de transição previsto para se prolongar até ao final de 2020 caso não fosse encontrado outro mecanismo solução seja encontrada até meados de 2020 entre Londres e Bruxelas, mas Boris Johnson considera que é "antidemocrática" porque sujeita o Reino Unido a regras da UE por um tempo indeterminado.
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A questão é importante porque pretende evitar uma fronteira física nos 500 quilómetros entre a Irlanda do Norte e a República da Irlanda, a única fronteira terrestre entre a UE e o Reino Unido, para garantir o respeito pelos acordos de paz de 1998 para a província britânica, que preveem a livre circulação de pessoas e bens.
Esta foi a primeira vez que os dois chefes de governo falaram desde a entrada em funções de Boris Johnson, na última quarta-feira, tendo abordado também na conversa por telefone os esforços em curso para restabelecer o governo autónomo na Irlanda do Norte, dependente de um entendimento entre o Partido Democrata Unionista e o Sinn Féin.