Brasileiros usam informações falsas para afirmar que Bolsonaro evita guerra na Ucrânia

Um dos apoiantes a partilhar a notícia falsa foi o ex-ministro do Meio Ambiente brasileiro Ricardo Salles.

Apoiantes do Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, iniciaram uma campanha, usando informações falsas para insinuar nas redes sociais que teria influenciado o Presidente da Rússia, Vladimir Putin, a evitar um conflito na Ucrânia.

O Presidente brasileiro chegou esta terça-feira a Moscovo, mas antes mesmo de desembarcar no país europeu os seus apoiantes no Brasil relacionaram a informação de que o Governo russo pretende recuar parte das suas tropas na fronteira com a Ucrânia por influência de Jair Bolsonaro.

"Putin sinaliza recuo na Ucrânia, Presidente Bolsonaro evita a terceira Guerra Mundial", diz uma imagem com Bolsonaro e Putin ilustrada pela logótipo da rede de televisão CNN que foi publicada pelo ex-ministro do Meio Ambiente brasileiro Ricardo Salles na rede social Twitter.

A CNN Brasil reagiu à publicação de Salles, informando que se trata de uma notícia falsa.

Mais cedo, o próprio Presidente Bolsonaro publicou uma imagem em que comentadores da CNN Brasil informavam o recuo de tropas russas anunciado pelo Governo russo.

Junto com a imagem sobre as tropas russas na fronteira com a Ucrânia, o Presidente brasileiro escreveu: "Já estamos no espaço aéreo russo. Fuso: + 6 horas. Bom dia a todos."

Os apoiantes de Bolsonaro estão a publicar outras montagens nas redes sociais usando a hashtag #BolsonaroEvitouAGuerra com imagens do Presidente brasileiro ao lado de Jesus Cristo executando a alegada 'missão' para evitar uma guerra na Europa.

Analistas brasileiros avaliam que a viagem de Bolsonaro a Moscovo, que terá compromissos oficias na quarta-feira quando se encontrará pessoalmente com Putin, responde a uma necessidade interna do chefe de Estado brasileiro de demonstrar para seus apoiantes que não está isolado.

Oficialmente o Ministério da Relações Exteriores informou que a viagem de Bolsonaro e da comitiva brasileira à Rússia está a ser planeada desde o ano passado e tem como objetivo tratar temas da agenda bilateral, nomeadamente nas áreas de agricultura, energia e defesa.

No programa da viagem também está prevista uma deposição de flores no túmulo do soldado desconhecido e uma reunião com o presidente da Câmara Baixa do parlamento russo.

A comitiva brasileira participará numa reunião com empresários. Também ocorrerá a primeira reunião Brasil-Rússia de ministros das Relações Exteriores e da Defesa.

Na quinta-feira, Bolsonaro e a comitiva brasileira embarcam para Budapeste onde terão um encontro com o Presidente húngaro, Viktor Órban.

A crise entre a Rússia e o Ocidente foi desencadeada pelo destacamento de mais de cem mil tropas russas para próximo da fronteira da vizinha Ucrânia.

O Ocidente acusou a Rússia de tencionar invadir novamente a Ucrânia, depois de ter anexado a península ucraniana da Crimeia em 2014.

Os Estados Unidos alertaram, na sexta-feira, que a Rússia podia atacar a Ucrânia "a qualquer momento" e aconselharam os seus cidadãos a sair do país, no que foram seguidos por vários governos, incluindo o de Portugal.

A Rússia, que nega qualquer intenção de invadir o país vizinho, garantiu hoje que algumas das suas forças mobilizadas durante semanas perto da fronteira com a Ucrânia começaram a regressar aos seus quartéis de origem.

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