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A primeira-ministra da Finlândia abandonou esta manhã a cimeira europeia, depois de ser informada de um contacto próximo com infetado.
Sanna Marin justificou a ausência como uma "ação preventiva", por ter ter estado em contacto com o deputado Finlandês Tom Packalen, que esta manhã testou positivo para a doença do novo coronavírus.
Marin participou no debate parlamentar em Helsínquia na passada quarta-feira, e durante a discussão desta manhã recebeu a informação da proximidade com uma pessoa infetada. E, por essa razão, decidiu abandonar a cimeira e remeter-se ao isolamento, depois de ontem ter sido uma voz crítica da realização de uma cimeira presencial, em Bruxelas, tendo mesmo questionado se a importância dos temas em debate merecia a deslocação de 27 delegações para uma das capitais mais contaminadas da Europa.
A primeira ministra dinamarquesa, Mette Frederiksen também acompanhou a crítica ao evento organizado por Charles Michel, considerando que "seria mais prudente acompanhar virtualmente, especialmente no contexto do aumento do número de infeções",
Frederiksen garantiu ter "sugerido várias vezes realizar videoconferências em vez de reuniões físicas", embora admita que "algumas vezes é necessário". O exemplo é que sem um encontro físico "não teria sido possível chegar a um acordo, em julho", quando os 27 fecharam o dossier do plano de recuperação para a Europa. Mas, ontem, no contexto "grave" que a pandemia está a assumir, a primeira-ministra dinamarquesa questionou-se que não seria "uma questão de equilíbrio" realizar a cimeira remotamente.
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A polémica em torno da cimeira presencial, por causa da covid assume um tom mais grave, por uma das cadeiras vazias ser a da própria presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, que ontem foi informada da infeção entre um dos membros do seu gabinete com quem tem "contacto de proximidade".
Curiosamente a presidente da Comissão Europeia também não nomeou um representante do executivo comunitário, para estar presente na cimeira, em que um dos temas em debate era o pacote do Clima.
Na perspetiva de Charles Michel a complexidade dos assuntos exige a "presença física" dos líderes, para uma discussão "cara a cara". Um exemplo é o debate desta manhã é dedicado à política externa, que, paradoxalmente, acontece sem a presença do chefe da diplomacia, Josep Borrell. Na mais recente viagem ao estrangeiro, Borrell foi acompanhado por um funcionário infetado, e encontra-se em quarentena.
Michel considera, porém, que há temas que não se discutem por videoconferência. E o caso de "o debate sobre o Brexit exigia uma presença física. E, numerosos líderes exprimiram-se a favor dessa presença física", desculpou-se o belga.
Na Bélgica, a média de infeções diárias tem vindo a aproximar-se dos 10 mil casos e tornou-se o país com o segundo maior índice de contágios, em toda a Europa.
O presidente do Parlamento Europeu considerou que a situação da Bélgica e França atingiu um risco tão acentuado, que, nas palavras de David Sassoli, "desaconselha, qualquer deslocação".
Por isso, no dia do arranque da cimeira, o italiano cancelou as deslocações dos deputados, à instituição que lidera, e numa iniciativa inédita a próxima sessão plenária será realizada remotamente.
O próprio primeiro-ministro Belga, Alexander De Croo recentemente nomeado, admitiu ontem, no primeiro dia de cimeira, que a evolução dos números, no país que acolhe as principais instituições da União Europeia podem por em causa a deslocação das delegações a Bruxelas, embora considere que "fazer este tipo de discussões por vídeo tem muitas limitações".
"Mas, da nossa parte, é claro que se a evolução for negativa, como vimos nas últimas semanas, a certa altura, as deslocações são qualquer coisa difícil de defender", admitiu, no dia em que as decisões das cimeira foram dar continuidade às negociações do Brexit.
