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O ministro ucraniano dos Negócios Estrangeiros, Dmytro Kuleba chegou esta segunda-feira a Bruxelas a apelar à rápida aprovação do sexto pacote de sanções contra a Rússia. Kuleba participa como convidado na reunião de chefes da diplomacia europeia, em que o Alto Representante da UE para a Política Externa ia tentar uma aproximação de pontos de vista, em relação ao embargo ao petróleo russo.
O ministro português, João Gomes Cravinho acredita que "num par de semanas" os 27 terão ultrapassadas as "questões técnicas" que ainda impossibilitam um acordo em relação ao sexto pacote de sanções.
Ouça a reportagem da TSF em Bruxelas.
"Penso que dentro de um par de semanas, para não fugirmos ao tempo útil para a aplicação de sanções", afirmou o ministro, assegurando que o que está agora em causa "já não é um problema político, mas um problema técnico".
"Sabemos que a Hungria [e] outros países também - a Eslováquia, a República Checa, também a Bulgária, têm algumas dificuldades - porque têm um grau de dependência muito elevado e têm de encontrar formas alternativas de se abastecerem de petróleo e de gás", afirmou João Gomes Cravinho, salientando que o que está em causa "não é uma oposição de fundo em relação à necessidade de sancionarmos a Rússia, incluindo nestes domínios".
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"Vamos aplicar sanções", afirmou o ministro, assegurando que essa é uma "mensagem política muito clara". Bastará agora encontrar solução para resolver "o impacto assimétrico das sanções".

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O próprio chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell reconheceu como "uma situação objetiva, que alguns Estados-Membros enfrentam mais dificuldades porque estão mais dependentes", do petróleo e do gás russos.
"Estão cercados e sem litoral, não têm a possibilidade de receber navios petroleiros diretamente, apenas recebem petróleo através de oleodutos provenientes da Rússia", afirmou Borrell prometendo "dar o melhor para desbloquear a situação".
"Como sempre, discutindo, tentando entender as razões de cada um", afirmou, em relação à forma de ultrapassar as divergências, escusando-se a "atribuir culpas a ninguém", já que o seu "papel" é o de "tentar construir um consenso".
Mas a realidade é que ainda há divergências e até sinais de alguma crispação entre os 27. O ministro dos Negócios Estrangeiros da Lituânia, Gabrielius Landsbergis, usou um tom crítico, lamentando que "infelizmente, toda a União esteja a ser mantida refém por um Estado-membro que não nos ajuda a encontrar um consenso". Landsbergis referia-se à Hungria, tendo apelado a um "acordo". "Não podemos ser mantidos como reféns", afirmou.
À chegada a Bruxelas, o ministro ucraniano dos Negócios Estrangeiros afirma que "os países europeus continuam a pagar milhões de euros à Rússia pelo gás e pelo petróleo".
Kuleba assinala que a União Europeia "paga duas vezes" pelo gás e petróleo.
"É exatamente esse dinheiro que está a ser usado para financiar a máquina de guerra da Rússia e a agressão e atrocidades", alertou Dmytro Kuleba, afirmando que "basicamente, a União Europeia paga duas vezes".
"Primeiro paga à Rússia [pelo petróleo e pelo gás] e depois paga à Ucrânia em apoios por causa da destruição das armas russas. Não é assim que deve ser. Sancionar o gás e petróleo russo serve o melhor interesse da Europa, não apenas o da Ucrânia", afirmou.