Dificuldades de financiamento ditam corte na ajuda aos refugiados rohingyas no Bangladesh

O problema surge após a passagem do ciclone Mocha no Bangladesh e em Myanmar.

Os refugiados da minoria muçulmana rohingya no Bangladesh estão a receber menos ajuda monetária para comprar alimentos devido às dificuldades de financiamento do Programa Alimentar Mundial (PAM), anunciou esta sexta-feira a agência da ONU.

Este corte na ajuda aos rohingyas que vivem nos campos de refugiados em Cox's Bazar, no Bangladesh, acontece num momento particularmente crítico, após a passagem devastadora do ciclone Mocha pelo Bangladesh e por Myanmar (antiga Birmânia).

Nos últimos dois meses, os vales de alimentação passaram de 12 dólares (11,1 euros) para apenas oito dólares (7,4 euros), o que corresponde a menos de nove centavos por refeição, bem abaixo do limite mínimo para garantir a segurança alimentar de centenas de milhares de pessoas.

Embora o campo de refugiados de Cox's Bazar tenha sido poupado do impacto direto do ciclone, os fortes ventos da tempestade deixaram enormes danos materiais nas frágeis casas dos refugiados.

"Qualquer coisa que seja inferior a 12 dólares vai ter uma consequência direta não só para a alimentação das mulheres e crianças, mas também para a segurança de todos aqueles que estão nestes campos", alertou o diretor do PAM, Dom Scalpelli.

A agência do sistema da ONU lembrou que no campo de Cox's Bazar, antes deste novo corte, havia quase um milhão de refugiados da minoria rohingya - que saíram de Myanmar para fugir da perseguição das autoridades birmanesas - que dependia totalmente da ajuda humanitária para sobreviver.

Em Cox's Bazar, pelo menos quatro em cada dez famílias comem o mínimo para sobreviver e uma em cada dez crianças sofre de desnutrição aguda.

A falta de segurança alimentar obriga as famílias a retirar os rapazes da escola para trabalhar em negócios ilegais, o que leva a um aumento da tensão com as comunidades do país de acolhimento, e as raparigas a contraírem casamentos forçados.

Para enfrentar a atual situação, o PAM está a pedir um montante na ordem dos 56 milhões de dólares (cerca de 52 milhões de euros) para que os refugiados voltem a receber uma alimentação completa e para que "este canal vital de ajuda mantenha-se a funcionar até ao final do ano", acrescentou Scalpelli.

O responsável frisou ainda que a operação de ajuda coordenada pelo PAM é "a única fonte fiável de alimentos para os refugiados rohingyas".

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