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O Presidente francês, Emmanuel Macron, fez o balanço do quinquénio numa entrevista televisiva, onde falou de sucessos, derrotas e deixou uma visão para o futuro do país. Uma entrevista duramente criticada pela oposição, a faltarem pouco mais de cem dias para as eleições presidenciais. Da direita à esquerda, todos denunciam um Presidente em campanha, sem anunciar a recandidatura.
Nesta entrevista televisiva, Emmanuel Macron descreveu cinco anos marcados por crises: dos coletes amarelos, da reforma das pensões ou ainda da pandemia. "Nem tudo correu mal", lembrou Emmanuel Macron, destacando a baixa de impostos, a reforma agrícola e os investimentos para enfrentar a crise sanitária e económica. "Assumo todo este "custe o que custar" e o resultado está à vista. A taxa de desemprego mais baixa dos últimos 15 anos", afirmou Emmanuel Macron.
O presidente francês aproveitou para fazer, em vários momentos, um mea culpa: "Sei que feri algumas pessoas com coisas que disse, sobretudo quando disse: 'há pessoas que conseguem e outras que não são ninguém', não se pode dizer isso", disse arrependido.
Entre balanços e projetos, Emmanuel Macron deixou antever alguns pontos que podem vir a fazer parte do programa eleitoral.
"É claro que é preciso trabalharmos mais tempo. Precisamos sair destes regimes chamados "especiais". É preciso caminhar em direção a um sistema simplificado: para a função pública, assalariados e independentes, temos três grandes regimes", lembrou. E não escondeu que já pensa no depois: "Se a sua questão é: 'projeta-se, tem ambição para o país e para as francesas e os franceses além de abril do próximo ano', é evidente, é evidente."
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Emmanuel Macron ainda não apresentou formalmente a candidatura. Nesta entrevista ao canal televisivo TF1 assumiu o cargo de Presidente e não de candidato, uma estratégia que não agradou aos adversários.
"Tenho a sensação que Emmanuel Macron mais do que qualquer outro Presidente, aproveita, sem qualquer problema, dos poderes de Presidente da República. Claro que o Presidente tem toda a liberdade de ser candidato, mas a mínima honestidade seria a de o anunciar", apontou Marine Le Pen, líder da União Nacional, que vai apresentar a sua candidatura dia 15 de janeiro.
Esta semana, a campanha presidencial francesa ganhou novos contornos nos últimos dias. "Poderão dizer: 'ela procura a união, mas esta deve estar a sonhar!' - Sim, estou a sonhar", afirmou Anne Hidalgo perante 800 militantes socialistas. A candidata socialista partilhou sonhos com eleitores, mas desde então a realidade tem sido mais dura para a presidente da câmara de Paris.
A esquerda continua em queda livre nas sondagens, os candidatos recusam eleições primárias na esquerda, proposta pela candidata socialista Anne Hidalgo: "É preciso organizar eleições primárias à esquerda."
O líder da França Insubmissa, Jean-Luc Mélenchon, foi o primeiro a reagir: "Não (quero primárias), mas para quê?" Opinião partilhada pelo líder comunista, Fabien Roussel, que acredita que "para escolher programas e candidatos, há uma eleição e é logo na primeira volta". Já Yannick Jadot, candidato d'Os ecologistas, sugere à candidata socialista que assuma "o impasse da sua candidatura". A candidata da Luta Operária, Nathalie Artaud, diz estar fora das primárias: "Não sou candidata para fazer a gestão do sistema. Mas é preciso derrubar este sistema."
Enquanto a esquerda se separa, a direita parece estar mais unida do que nunca. Valérie Pécresse, a candidata d"Os Republicanos, sobe nas sondagens e volta a dar esperança à direita. "Esta unidade é bela e comprometo-me: seremos uma para todos e todos para uma." Combater esta unidade é o objetivo de Éric Zemmour, candidato do partido de extrema-direita "reconquista". Uma campanha que o candidato tem feito à sombra, para recrutar militantes d"Os republicanos. "Sabemos quem é Valérie Pécresse, que abandonou Juppé e Fillon... Aos eleitores d"Os Republicanos é preciso explicar-lhes isto porque não poderei fazer tudo na televisão", afirma a eleitores de direita.
Até ao momento, a direita e extrema-direita dominaram os debates políticos e deixaram de fora o discurso d'A Republica Em Marcha de Emmanuel Macron. A lista dos candidatos presidenciais está quase completa, há quinze concorrentes ao Palácio do Eliseu. Emmanuel Macron deve anunciar a candidatura no início do próximo ano. A primeira volta das eleições presidenciais francesas do próximo ano tem lugar a 10 de abril e a segunda, a 24 de abril.