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Madrid recebe a cimeira da NATO, um encontro onde será aprovado o aumento do número de militares em estado de prontidão na sequência da invasão da Ucrânia, de 40 mil para mais de 300 mil. No Fórum TSF esta terça-feira, António Martins da Cruz, antigo ministro dos Negócios Estrangeiros, lembrou que o conceito estratégico da Aliança Atlântica foi revisto pela última vez há 12 anos e, nessa altura, Moscovo era um país parceiro. Agora acredita que a cimeira da NATO vai marcar um ponto de viragem.
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"Hoje em dia não temos dúvida nenhuma de que se houver uma ameaça a qualquer país europeu, quem nos salva, quem é o garante da nossa segurança, é a NATO e não a hipotética defesa europeia ou uma autonomia estratégica de defesa como muito andaram a apregoar até agora. Podemos é reforçar a defesa dos países europeus, mas como pilar europeu da Aliança. Não quer dizer que as forças de reação rápida tenham 300 mil homens, quer dizer que vamos colocar 300 mil homens nos países vizinhos, de leste, que fazem fronteira com a Ucrânia ou a Rússia. Vamos é ter disponibilidade para ter essa força até 300 mil homens se acontecer alguma ameaça", explicou à TSF António Martins da Cruz.
Ouça as declarações do antigo ministro dos Negócios Estrangeiros à TSF
O ex-ministro assinalou ainda o compromisso que os aliados vão assumir de despender 2% do Produto Interno Bruto (PIB) de cada Estado-membro na área da defesa. No caso de Portugal, Martins da Cruz disse que este investimento terá de ser redirecionado para reforçar os equipamentos e as infraestruturas. Os gastos com recursos humanos ainda absorvem grande parte do orçamento disponível.
"Portugal neste momento é o aliado dos 30 países da NATO que gasta mais dinheiro com pessoal militar. No nosso orçamento de defesa - ainda ontem saíram estatísticas sobre isso -, Portugal gasta 64% com pessoal, ou seja, em ordenados e despesas relativas ao pessoal. Só gastamos 4% em equipamento novo. Estes números relativamente a Portugal têm de mudar também. Vamos ter de gastar mais em infraestruturas e equipamento e menos em pessoal", revelou o antigo ministro dos Negócios Estrangeiros.
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Álvaro Vasconcelos, ex-diretor do Instituto Europeu de Estudos de Segurança em Paris, partilha da mesma opinião. Considera que Portugal não pode abdicar do investimento social, mas também tem de garantir a paz reforçando o investimento na defesa.
"Estamos numa situação em que temos, por um lado, de garantir as condições de desenvolvimento económico e social mas, ao mesmo tempo, garantir a paz. Sem paz e numa situação de guerra, como é que vamos garantir a educação e a saúde? Veja o que se passa hoje na Ucrânia. Será que as crianças ucranianas podem estudar e ter saúde? Não têm. Portanto, garantir a segurança é hoje uma condição base para garantir todas as questões importantes", acrescentou Álvaro Vasconcelos.
Ouça as declarações do ex-diretor do Instituto Europeu de Estudos de Segurança em Paris à TSF
