- Comentar
A chanceler alemã, Angela Merkel, afirmou esta quarta-feira que as eleições presidenciais de 09 deste mês na Bielorrússia "não foram nem livres nem justas", pelo que os resultados não podem ser reconhecidos como válidos pela União Europeia (UE).
"Para nós, não há dúvidas de que houve muitas violações às regras eleitorais. As eleições não foram nem livres nem justas e o resultado não pode ser reconhecido", disse Merkel, numa conferência de imprensa em Berlim, após a cimeira por videoconferência com os restantes líderes europeus sobre a situação na Bielorrússia.
Nesse sentido, a chanceler alemã exigiu a Alexander Lukashenko, o Presidente cessante que foi dado como vencedor da votação, ao obter, segundo os dados oficiais, pouco mais de 80%, a libertação "imediata e sem condições dos que foram presos pela repressão" de um regime que se mantém há 26 anos no poder.

Leia também:
UE não reconhece resultados das eleições na Bielorrússia
Merkel lamentou que, atualmente, não exista qualquer possibilidade de mediação da situação na Bielorrússia, uma vez que Lukashenko "se nega a atender o telefone".
Subscrever newsletter
Subscreva a nossa newsletter e tenha as notícias no seu e-mail todos os dias
"Não é possível mediar se não se falar com todos os envolvidos. A situação é difícil, as eleições não lhe trazem legitimidade, mas Lukashenko continua no poder, pelo que o diálogo terá sempre de o incluir", sublinhou Merkel.
Sobre o conselho europeu que se realizou por videoconferência, Merkel referiu que se falou de possíveis sanções "pontuais" que não afetem a população bielorrussa, mas apenas os responsáveis pela repressão.
No seu entender, a Bielorrússia deve encontrar uma solução e um caminho de forma independente e sem intromissões estrangeiras.
No final da cimeira extraordinária de chefes de Estado e de Governo da UE, o Presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, sublinhou que os 27 estão "solidários" com o povo da Bielorrússia e que vão apoiá-lo, garantindo que irá sancionar os responsáveis pela fraude nas presidenciais e pela violência, pois não aceita impunidade.
Charles Michel frisou que a mensagem "muito forte e unida" dos 27 para Minsk é "muito clara": "a UE está solidária com o povo na Bielorrússia e não aceita a impunidade", pelo que vai adotar "em breve" sanções contra "um número substancial de indivíduos responsáveis pela violência, repressão e fraude eleitoral".
A reunião de líderes dos 27 decorreu depois de os chefes de diplomacia da UE terem decidido, na sexta-feira, desencadear novas sanções contra os responsáveis pela repressão violenta das manifestações que contestam a recondução de Lukashenko e pela "falsificação" do ato eleitoral.

Leia também:
Lukashenko ordena fim dos protestos e controlo das fronteiras na Bielorrússia
A oposição denuncia a eleição como fraudulenta e milhares de bielorrussos saíram às ruas por todo o país para exigir o afastamento de Lukashenko.
Os protestos têm sido duramente reprimidos pelas forças de segurança, com quase 7.000 pessoas detidas, dezenas de feridos e pelo menos três mortos.
A candidata da oposição à presidência, Svetlana Tikhanovskaia, refugiada na Lituânia, apelou à UE para não reconhecer o resultado das eleições.
"Peço que não reconheçam estas eleições fraudulentas. Lukashenko perdeu toda a legitimidade aos olhos da nossa nação e do mundo", disse Tikhanovskaia em inglês num vídeo publicado no YouTube.