"Estamos preocupados com algumas decisões" na Grécia

Um dia após as eleições, a Grécia voltou a ser tema de discussão no Eurogrupo.

Os ministros das Finanças da zona Euro receberam hoje informações atualizadas sobre a Grécia, através do relatório sobre a terceira missão de acompanhamento pós-programa.

O balanço feito por Bruxelas ainda revela muitas fraquezas, mas há hoje uma "grande diferença" quando se compara "com o tempo da crise", salientou o comissário para os Assuntos Económicos e Financeiros, Pierre Moscovici.

Já o principal credor europeu manifesta preocupação com medidas recentes do governo cessante. "Estamos preocupados com algumas das decisões dos últimos dois meses, que já foram aceites no Parlamento por todos os maiores partidos", apontou o diretor do Fundo Europeu de Estabilidade, Klaus Regling, considerando que "algumas dessas decisões não são boas para o crescimento, pois retrocedem em certas reformas".

"Em algumas áreas, o investimento público está muito alto e isso não é bom, nem para o crescimento nem para a sustentabilidade da dívida, por isso temos de monitorizar isso de perto", afirmou Regling, no dia em que lhe foi oficialmente apresentado o relatório sobre a missão de vigilância pós-programa.

O comissário dos assuntos económicos e Financeiros, Pierre Moscovici fez a apresentação dos dados do relatório aos ministros, tendo traçado um cenário bastante negativo. Porém, considerou que é preciso relativizar o problema.

"A Grécia fez um bom arranque na vigilância pós-programa", afirmou o comissário, fazendo notar que a sua a firmação é válida, "mesmo que alguns problemas ainda precisem de ser resolvidos".

"Temos de lembrar o caminho percorrido e a grande diferença entre a situação de hoje e o tempo da crise, e o momento em que evitámos o Grexit", frisou, considerando que "tem de se registar este olhar especial, além do relatório apresentado".

Um dia após as eleições que deram a vitória ao partido conservador da Nova Democracia, o presidente do Eurogrupo, Mário Centeno disse esperar agora pela oportunidade para conhecer as propostas do futuro ministro grego das Finanças.

"Estamos ansiosos por trabalhar construtivamente com o novo governo que resulta destas eleições", afirmou, prometendo "olhar para os problemas abordados no relatório da Comissão. E, de um modo geral, discutiremos as intenções do novo governo daqui em diante".

Passou praticamente um ano desde que a Grécia concluiu, a 20 de agosto, o terceiro programa de ajustamento económico e financeiro, a troco de um resgate de 86 mil milhões de euros. O país recuperou parte da autonomia. A situação económica melhorou. O desemprego caiu. Mas, a Grécia está ainda longe de ter bons indicadores.

Na mais recente análise sobre a situação económica da Grécia, Bruxelas identificou desequilíbrios macroeconómicos excessivos. A primeira das razões prende-se com a dívida pública. Ultrapassa os 330 mil milhões de euros. Está para lá dos 180% do PIB, é um fardo nas contas do país.

O investimento internacional regista um índice negativo. E, o crédito mal parado é apenas outro dos fatores a juntar a uma lista que inclui ainda o desemprego. É verdade que a situação melhorou muito, nos últimos anos, mas com quase 4 milhões de pessoas desempregadas, a Grécia tem a taxa mais elevada de toda a Europa, com o desemprego acima dos 18 por cento.

As profundas reformas estruturais e ao nível institucional, iniciadas no tempo da Troika, para modernizar a economia e o funcionamento do Estado, ainda não produziram qualquer impacto positivo significativo.

Bruxelas concluiu que vão ser precisos muitos anos de aplicação sustentada dessas reformas, para que o impacto pleno possa fazer-se sentir.

A Grécia encontra-se atualmente sujeita à vertente preventiva do Pacto de Estabilidade e Crescimento e à regra transitória em matéria de dívida.

Vai continuar sujeita à supervisão reforçada, no quadro pós-programa, para progressivamente alinhar país com as políticas de coordenação económica e social, da União Europeia.

A recomendação da zona euro é para preservar uma situação orçamental sólida, para assegurar as metas traçadas em Bruxelas.

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