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O presidente do Conselho Europeu espera que os 27 acompanhem a recomendação da Comissão Europeia para que seja atribuído o "estatuto de país candidato" tanto para Ucrânia, com para a Moldova. Deve ainda "ser reconhecida a perspetiva europeia" da Geórgia.
Na carta convite que habitualmente envia aos líderes europeus, - desta vez acompanhada de uma mensagem em vídeo -, o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel diz esperar um resultado "decisivo" para os três países candidatos à entrada no bloco europeu.
"Creio que é altura de reconhecer a perspetiva europeia da Ucrânia, Moldova e Geórgia. O futuro destes países e dos seus povos está dentro da União Europeia", considerou Charles Michel, afiando que "mais especificamente, a minha intenção é que decidamos conceder o estatuto de candidato à Ucrânia e à Moldova".
Charles Michel afirma que não haverá atalhos no caminho rumo à União Europeia, vou seja, diz o presidente do Conselho Europeu, "estes países terão de preencher condições ao longo do caminho europeu, nomeadamente no domínio do Estado de Direito e da luta contra a corrupção".
"O povo da Ucrânia escolheu a liberdade, a democracia e o futuro europeu e agora está a lutar por ela e nós estamos ao seu lado", disse.
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Numa perspetiva de "segurança e estabilidade" no continente europeu, Charles Michel considera que deve haver um reforço da relação com outros "países parceiros".
Ouça as declarações de Charles Michel.
"Esta ideia de uma comunidade política europeia pode reforçar a cooperação e contribuir para uma Europa mais segura e mais próspera", admite o presidente do Conselho Europeu, assegurando que "esta ideia não é um substituto para o alargamento". "Por isso, estamos a revigorar o processo de alargamento com os Balcãs Ocidentais e o avanço na sua integração", defendeu o belga.
Os processos dos vários países dos Balcãs ocidentais que já receberam estatuto de país candidato encontram-se parados há anos.
A título de exemplo, no caso da antiga República jugoslava da Macedónia e atual República da Macedónia do Norte, o pedido de adesão à União Europeia deu entrada em março de 2004. O estatuto de país candidato chegou mais de ano e meio depois, em dezembro de 2005.
A partir desse momento, a Comissão deveria ter recebido luz verde para abrir as negociações de adesão, Mas, um atrito com a Grécia, principalmente por causa do nome do país, igual ao da região grega da Macedónia, bloqueou o processo.
A situação resolveu-se com o "Acordo de Prespa" que culminou, em 2019, com a alteração oficial para República da Macedónia do Norte. Mas, até gora, as negociações não foram abertas, devido a questões relativas ao uso da língua, de identidade e história, desta vez, levantadas pela Bulgária.
A Albânia candidatou-se à adesão em abril de 2009. Em 2012, a Comissão recomendou a concessão à Albânia do estatuto de país candidato, condicionado a reformas. O país recebeu o estatuto em 2014. Mas, as negociações nunca foram abertas.
O Montenegro candidatou-se à adesão à União Europeia, em dezembro de 2008, dois anos após a declaração de independência do país. Conseguiu o estatuto de país candidato em 2010 e viu as negociações serem abertas em 2012. As negociações já chegaram ao último dos tópicos: a política de concorrência. Mas, Bruxelas entende que apontar a adesão à União Europeia até 2025, seria uma meta "extremamente ambiciosa".
No caso da Sérvia, depois da candidatura em 2019, e do reconhecimento do "estatuto de país candidato" em 2012, as negociações foram abertas em 2014. Desde 2019 que não há abertura de novos capítulos e encontram-se paradas.
Consequências da guerra
O presidente do Conselho Europeu disse ainda na carta convite que na cimeira vai colocar em cima da mesa as consequências económicas da guerra nas 27 economias da União Europeia.
"As nossas famílias e as nossas empresas estão sob pressão devido às consequências da guerra, que está a fazer subir o preço dos bens e serviços do dia-a-dia", afirmou, dando como exemplos a "alimentação, a energia, a inflação a aumentar".
Charles Michel espera uma discussão sobre "formas concretas de ajudar todos a lidar com o elevado custo de vida".
"A situação atual exige uma discussão aprofundada durante a nossa Cimeira do Euro, na presença do Presidente do Banco Central Europeu e do Presidente do Eurogrupo. Teremos também de determinar como queremos avançar na União Bancária e na União dos Mercados de Capitais", afirma na carta convite.