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O ministro dos Negócios Estrangeiros considera que a decisão da Venezuela de expulsar a embaixadora da União Europeia do país "só contribui para um maior isolamento internacional" daquele território. Em entrevista à TSF, no dia em que dirige desde Bruxelas o primeiro debate entre os Estados-membros sobre a proposta de revisão da política comercial da União Europeia, Augusto Santos Silva garante que a Europa quer ser parceira e não adversária da Venezuela.
"Esperamos que a Venezuela caia em si e compreenda que a União Europeia não é uma adversária, mas sim um parceiro que pode contribuir para soluções pacíficas", sustenta.
Ouça aqui a entrevista completa ao ministro dos Negócios Estrangeiros
Entrevistado pelo jornalista Fernando Alves, o governante sublinha que a União Europeia tem "todo o interesse em manter relações diplomáticas com a Venezuela", não querendo interferir nos "assuntos internos" do país.
Augusto Santos Silva lembra que a Venezuela "vive uma crise humanitária, social e económica gravíssima, cuja origem está num impasse político" e defende que o problema seja ultrapassado "com eleições em que todos possam concorrer e que possam decorrer de forma livre, transparente e justa".
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Noutro plano, em relação à proposta de revisão da política comercial da União Europeia, apresentada no mês passado pela Comissão Europeia, Santos Silva diz que o documento "é um ponto de partida para uma discussão que temos de ter".
"O nosso objetivo é aprovar conclusões do Conselho na reunião formal de maio e, por isso, é muito importante que possamos ter nesta reunião informal um primeiro debate político entre nós", adianta.
O ministro dos Negócios Estrangeiros explica que o objetivo é "tornar a Europa mais forte na defesa dos seus interesses comerciais e também num comércio internacional baseado em regras, que contribua para a transição verde e a transição digital e que defenda os padrões laborais, combata o trabalho forçado e defenda, em geral, os direitos humanos ao mesmo tempo que a Europa deve manter a sua posição atual que é de primeiro parceiro comercial do mundo".
Santos Silva não antecipa "dificuldades neste nível de debate político", mas sublinha que "é preciso depois ser consequente nas nossas ações com as palavras que utilizamos".
"Se nós queremos reforçar a política comercial da União Europeia, se queremos manter a Europa aberta ao mundo, temos de ratificar os acordos cujas negociações já concluímos, temos de negociar acordos com diferentes regiões do mundo, temos de usar o comércio também como nosso instrumento de parceria e cooperação, com África, com a América Latina, com o Sudeste Asiático, com a Índia, etc", defende.
Augusto Santos Silva não antecipa que a discussão de hoje traga alguma "dificuldade inultrapassável", mas considera fundamental retirar consequências práticas do debate: "Por isso é que a presidência portuguesa defende tão veementemente que é preciso concluir o acordo com o México, que é preciso concluir o acordo com o MERCOSUL, que é preciso avançar com as negociações comerciais com a Índia e que é preciso olhar para África como o nosso parceiro comercial essencial", remata.