- Comentar
A empresa norte-americana Facebook e outras 27 organizações anunciaram esta terça-feira a criação de uma nova criptomoeda que pode servir para transações entre particulares e estabelecimentos e que vai estar integrada nas plataformas digitais WhatsApp e Messenger. A nova criptomoeda vai chamar-se Libra, de acordo com o anúncio formal do grupo de empresas liderado pela companhia Facebook, nos Estados Unidos.
"A ideia é simplificar o mais possível as transações financeiras para todas as pessoas do mundo, onde quer que vivam, tenham ou não uma conta bancária", disseram fontes da empresa Facebook a principal impulsionadora da Libra e que tem como base de funcionamento uma tecnologia própria: "blockchain".
Há vários dias que se especulava que as empresas envolvidas no projeto preparavam o anúncio sobre a criação da nova criptomoeda sendo que o anúncio realizado esta terça-feira especifica que a "Libra" não vai depender diretamente da companhia do norte-americano Mark Zuckerberg.
A criptomoeda vai ser gerida, de acordo com o plano anunciado, por um consórcio de empresas agrupadas sob a direção da Associação Libra, com sede em Genebra, Suíça.
Subscrever newsletter
Subscreva a nossa newsletter e tenha as notícias no seu e-mail todos os dias
As empresas que são designadas como "membros fundadores" incluem as companhias Facebook, Visa, Mastercard, Vodafone, Paypal, eBay, Spotify, Uber, Lyft, Booking Holdings (proprietária da Bookong.com, Priceline.com e Kayak.com), a firma argentina de comércio eletrónico Comércio Libre, entre outras.
"Para que uma divisa global tenha êxito não pode estar sob o controlo de apenas uma entidade e muito menos por uma entidade comercial como a Facebook, que vai ter voz na associação assim como todos os outros membros. Nem mais nem menos", disseram as fontes da rede social.
Para levar a cabo a integração da criptomoeda nos serviços das várias empresas envolvidas, a firma Menlo Park, com sede na Califórnia, Estados Unidos, vai criar a subsidiária financeira -- Calibra -- que, neste caso, vai depender apenas da empresa Facebook.
O primeiro produto da Calibra vai ser uma carteira digital para criptomoedas Libra acessível inicialmente através das plataformas digitais WhatsApp e Messenger e que são propriedade da Facebook.
Fontes da companhia referem que o plano prevê aplicar no futuro o mesmo serviço no portal Facebook e na rede social Instagram.
A carteira que também vai ter uma aplicação independente para sistemas operativos Android e iOs deve começar a funcionar em 2020.
"Quanto antes, melhor", disseram as mesmas fontes.
Perante os escândalos relacionados com questões de privacidade e gestão de dados dos utilizadores que atingiram a empresa Facebook nos últimos meses, a companhia garante que a Calibra não vai partilhar informação com a rede social (Facebook) nem com terceiros, "sem consentimento do cliente".
Assim, segundo a empresa, as transações efetuadas através da Calibra não vão influenciar a publicação de anúncios na página da rede social de cada utilizador, a não ser que seja permitido pelo próprio.
Os dados financeiros podem vir a ser partilhados com terceiros, mas apenas em situações de conformidade com a legislação de cada país, proteção de contas dos clientes perante possíveis fraudes, permitir o processamento de pagamentos ou evitar a delinquência.
Segundo o projeto, a Libra vai contar com uma reserva de depósitos bancários e dívida soberana de vários países e que vão fixar o valor da divisa e reduzir a volatilidade, ao contrário do que acontece com a Bitcoin, a criptomoeda mais popular atualmente no mercado.
"A Bitcoin é muito volátil, o que faz com que seja perfeita para pessoas que a querem utilizar como investimento, mas nós queremos uma divisa de baixa volatilidade e que as pessoas possam utilizar todos os dias", acrescentam as mesmas fontes da empresa Facebook.
A "ideia" é a de que ao receber um pagamento em Libra, os utilizadores possam decidir se mantêm o valor da criptomoeda ou se fazem o câmbio na divisa doméstica (de acordo com a conversão) ou se transferem o valor para um banco local.
Fontes consultadas pela agência espanhola Efe, referem que a Associação Libra "não vai definir uma política monetária" e que "apesar de funcionar como um banco central" vai apenas interferir na quantidade de Libra em circulação tendo em conta a procura.
Para aumentar o número de Libra, em caso de aumento da procura, vão ser permitidos "revendedores autorizados" pela associação com sede em Genebra e que devem depositar em reserva um valor equivalente noutras divisas à quantidade que se pretende "imprimir".
O processo contrário pode também ocorrer no caso de serem retiradas moedas de circulação.