"Boas notícias", mas há que manter a "frieza". Forças russas junto à Ucrânia começam a regressar às bases

À TSF, o general Luís Pinto Ramalho, presidente do Grupo de Reflexão Estratégica Independente, alerta que "é preciso confirmar" os acontecimentos, mas estas são "boas notícias" dado que "prevaleceu a via diplomática". Contudo, defende que "não se deve partir do princípio de que está tudo terminado".

As forças militares russas posicionadas há semanas perto da fronteira ucraniana começaram a regressar às suas bases, anunciou esta terça-feira o Ministério da Defesa russo, quando o Ocidente já se preparava para uma iminente operação militar.

"As unidades dos distritos militares do Sul e do Oeste, que cumpriram as suas tarefas, já começaram a embarcar em meios de transportes ferroviários e rodoviários e iniciarão hoje o retorno às suas bases", disse o porta-voz do ministério da Defesa russo, Igor Konashenkov, citado pelas agências de notícias russas.

Este anúncio é o primeiro sinal de um recuo de Moscovo na crise com a Ucrânia e os países ocidentais que dura desde o final de 2021.

Em declarações à TSF, o general Luís Pinto Ramalho, presidente do GREI - Grupo de Reflexão Estratégica Independente, considera que esta "boa notícia" deve ser encarada "com a mesma frieza e racionalidade com que se iniciou todo este processo", mas avisa que "é preciso confirmar que isto está a acontecer". "Até que ponto tudo isto corresponde à verdade e não são meras manobras de comunicação e de 'mascaramento' de comportamentos político-militares?", questiona, defendendo que "não se deve partir do princípio de que está tudo terminado".

Se a informação for "correta", o general Pinto Ramalho aponta que "prevaleceu a via diplomática". "Falta saber o que ficou acordado e quem ganhou o quê", diz, acrescentando que o encontro do Chanceler alemão com o Presidente russo é "uma boa indicação da evolução dos acontecimentos".

A retirada também ocorre antes da reunião marcada para hoje entre o Presidente russo, Vladimir Putin, e o chanceler alemão, Olaf Scholz, que será recebido no Kremlin após uma visita do seu homólogo francês, Emmanuel Mácron, na semana passada.

A tensão entre Kiev e Moscovo aumentou desde novembro passado, depois de a Rússia ter estacionado mais de 100.000 soldados perto da fronteira ucraniana, o que fez disparar alarmes na Ucrânia e no Ocidente, que denunciou os preparativos para uma invasão daquela ex-república soviética.

Em dezembro, a Rússia exigiu garantias de segurança por parte dos Estados Unidos e da NATO para impedir que a Aliança Atlântica se expandisse mais para o leste e estacionasse armas ofensivas perto de suas fronteiras.

Moscovo escreveu recentemente uma carta a todos os países membros da NATO e da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) pedindo-lhes que se posicionassem sobre o que entendem por segurança indivisível na Europa.

Apesar dos esforços diplomáticos, a diminuição da escalada militar e da tensão não foi alcançada até agora.

A Rússia alega que tem o direito soberano de estacionar tropas em qualquer lugar de seu território e, por sua vez, denuncia o fornecimento massivo de armas à Ucrânia pelo Ocidente.

Kiev diz ter evitado com o Ocidente nova escalada russa

O Governo ucraniano defendeu esta terça-feira que a Ucrânia e o Ocidente conseguiram evitar uma nova escalada russa, numa reação ao anúncio da Rússia de retirada de algumas tropas da sua fronteira.

"Juntamente com os nossos parceiros, conseguimos evitar qualquer nova escalada por parte da Rússia", disse o ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano, Dmytro Kuleba, citado pela agência francesa AFP.

Kuleba disse, no entanto, ser ainda demasiado cedo para ver uma redução real das tensões nesta crise, que abala a Europa desde o final de 2021.

"A situação permanece tensa, mas sob controlo", disse Kuleba.

O chefe da diplomacia ucraniana considerou ainda que, apesar do anúncio de Moscovo, é necessário esperar para perceber as intenções russas.

"A Rússia está sempre a fazer todo o tipo de declarações, por isso temos uma regra: acreditaremos numa desescalada quando virmos a retirada das tropas", acrescentou.

* Notícia atualizada às 10h36

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