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A França homenageia Molière com peças de teatro, claro, mas também exposições e colóquios. Passados 400 anos, as obras do autor de "Mulheres", "Médico à Força" ou "O Avarento" não deixaram de ser atuais.
Molière não ganhou rugas e se o dramaturgo estivesse vivo teria certamente uma conta Snapchat ou Tik Tok. Este burguês que se tornou o autor preferido do rei Louis XIV foi um perito em criar choque culturais nos seus textos, lembra Martial Poirson, comissário da exposição "Molière, tornado uma glória nacional", no Palácio de Versalhes.
Ouça a reportagem de Lígia Anjos.
"Molière é a primeira grande vedeta do teatro francês. Todas as gazetas, isto é os jornais da altura, comentavam os detalhes da vida privada de Molière e todas as peripécias das suas estreias. É alvo de vários escândalos que, de forma muito moderna, dão muito que falar. Ele tinha uma estratégia de comunicação, isto é todas as intrigas de que é alvo e que deveria afeta-lo são, pelo contrário, um meio de se promover. A estratégia de comunicação de Molière é deliberada e extremamente moderna na altura", descreve Martial Poirson, comissário da exposição.
Irreverente, Molière torna-se o arquetípico do teatro clássico, recuperado pela III República que eleva à figura do génio francês.
Hoje, os textos do dramaturgo que queria "corrigir os homens através do divertimento" continuam a ser atuais, na crítica amarga aos falsos devotos, aos médicos charlatães ou quando defendeu a emancipação das mulheres contra os casamentos arranjados.
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