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Uma freira italiana, de 83 anos, foi morta num ataque na terça-feira à noite na missão onde vivia, na cidade de Nacala, em Moçambique, enquanto outras duas conseguiram escapar, anunciaram esta quarta-feira os Missionários Combonianos.
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"Os rebeldes atacaram a missão, incendiando todos os edifícios da paróquia. A irmã Maria, missionária comboniana nascida na cidade de Vittorio Veneto (norte), morreu durante a emboscada. Todos os sobreviventes estão agora a fugir para Nacala", disse a secretária geral das Irmãs Combonianas em Itália, Enza Carini.
Segundo a mesma fonte, outras duas freiras da comunidade, uma italiana e outra espanhola, "conseguiram escapar e esconder-se na floresta, juntamente com um grupo de raparigas".
A freira, que vivia em Moçambique desde 1963, estava na paróquia de Chipene, na diocese de Nacala, que albergava centenas de pessoas que fugiam dos combates no norte do país, explicou a fonte.
De acordo com relatórios enviados à agência missionária Fides, os atacantes destruíram as estruturas da missão, incluindo a igreja, o hospital e a escola primária e secundária, e a freira italiana levou um tiro na cabeça quando tentou chegar ao dormitório onde se encontravam os poucos estudantes restantes.
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Outros dois missionários italianos que se encontravam na missão foram poupados, disseram os Missionários Combonianos de Pordenone, Itália.
O arcebispo de Nampula, Inacio Saure, disse não ter a certeza sobre identidade dos autores do ataque, mas considerou que "seja muito provável" tratar-se de terroristas islâmicos.
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A província de Cabo Delgado é rica em gás natural, mas aterrorizada desde 2017 por violência armada, sendo alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico.
A insurgência levou a uma resposta militar desde há um ano por forças do Ruanda e da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), libertando distritos junto aos projetos de gás, mas levando a uma nova onda de ataques noutras áreas, mais perto de Pemba, capital provincial.
Há cerca de 800 mil deslocados internos devido ao conflito, de acordo com a Organização Internacional das Migrações (OIM), e cerca de 4000 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED.