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Maryam Nuri Mohamed Amin tinha 24 anos. A mulher curda fugia do norte do Iraque em busca de uma vida melhor. Morreu, na quarta-feira, ao tentar atravessar o Canal da Mancha, que liga França ao Reino Unido. É a primeira vítima a ser identificada depois do naufrágio de uma embarcação ao largo de Calais.
O noivo de Maryam vive no Reino Unido e contou à BBC que, no momento em que o barco começou a afundar, os dois trocavam mensagens. A mulher tentou tranquilizá-lo, garantindo-lhe que ia ser resgatada.
A ajuda acabou por chegar tarde demais. O noivo relatou que Maryam estava a bordo daquela embarcação acompanhada de um familiar. Segundo explicou à BBC, a mulher planeava surpreendê-lo quando chegasse ao Reino Unido.
O tio da jovem confirmou à estação britânica que Maryam era uma das migrantes a bordo daquele barco. De acordo com o tio, é esperado que o corpo seja agora entregue à família no Iraque.
Pelo menos 27 pessoas morreram, entre as quais uma mulher grávida e três crianças. A imprensa francesa considerou que este foi o "pior naufrágio de sempre" a envolver migrantes no Canal da Mancha.
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Os ministros da França, Alemanha, Holanda e Bélgica estão reunidos este domingo na câmara da cidade de Calais para discutir a crise migratória no Canal da Mancha. Sem estar presente, o Governo britânico garantiu que vai exigir "mais cooperação" aos países europeus, de modo a evitar "acontecimentos piores".
Em comunicado, a ministra do Interior britânica, Priti Patel, disse que "continuará a pressionar" para ter a colaboração da União Europeia, tendo em vista evitar mais tragédias "nas águas geladas, nos meses de inverno".
A presença do Governo de Londres na reunião de Calais foi rejeitada depois da divulgação de uma carta, pelo primeiro-ministro Boris Johnson, dirigida ao presidente francês, a pedir aos franceses que aceitassem de volta os migrantes que chegaram ilegalmente ao Reino Unido.
Entretanto, o Papa renovou o apelo para que se encontre uma solução para os migrantes. Depois da tragédia no Canal da Mancha, esta semana, o chefe da Igreja Católica pediu silêncio pelos que morrem todos os dias.

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