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O Governo alemão anunciou esta terça-feira a suspensão da sua ajuda ao desenvolvimento ao Afeganistão, país controlado desde domingo pelo grupo extremista taliban.
"A cooperação para o desenvolvimento do Governo está atualmente suspensa", disse o ministro alemão do Desenvolvimento, Gerd Müller, durante uma entrevista ao jornal regional Rheinische Post.
A Alemanha, um dos principais doadores do Afeganistão, já tinha dito, na quinta-feira passada, que não iria disponibilizará nem "mais um cêntimo" de ajuda ao desenvolvimento se os taliban assumissem o controlo do país.
"Não daremos nem mais um cêntimo ao Afeganistão se os taliban assumirem o controlo total do poder, introduzirem a 'sharia' (lei islâmica) e se o país se tornar um califado", declarou o ministro dos Negócios Estrangeiros alemão, Heiko Maas, numa entrevista à televisão pública ZDF.
O Afeganistão "não pode sobreviver sem ajuda internacional", afirmou Maas.
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A Alemanha contribui com 430 milhões de euros por ano e integra o grupo dos 10 mais importantes doadores de ajuda ao desenvolvimento para o Afeganistão.
Por outro lado, o Presidente alemão, Frank-Walter Steinmeier, descreveu esta terça-feira as imagens que chegam de Cabul como "vergonhosas para o Ocidente", que considerou "responsável" pela "tragédia humana" que vive o Afeganistão.
Depois de uma ofensiva relâmpago, o grupo extremista taliban tomou Cabul no domingo, assinando o seu retorno ao poder no Afeganistão 20 anos depois de ser expulso. O seu retorno causou cenas de pânico, especialmente no aeroporto de Cabul, para onde milhares de pessoas se dirigiram na tentativa de deixar o país.
"Vivemos nestes dias uma tragédia humana pela qual somos corresponsáveis e um antes e um depois em questões políticas que nos abala e que vai mudar o mundo", afirmou o Presidente alemão.
Frank-Walter Steinmeier sublinhou a "grande sombra" lançada sobre o Ocidente "pela rápida queda do Governo afegão e as suas forças armadas, bem como o retorno ao poder sem muita resistência" dos taliban.
O fracasso do esforço internacional para criar uma estrutura estável e sustentável no Afeganistão "levanta questões fundamentais sobre o passado e o futuro de nosso envolvimento estrangeiro e militar", disse o Presidente, antes de acrescentar que as respostas também devem ser procuradas em conjunto com a aliança ocidental.
A entrada das forças taliban em Cabul, no domingo, pôs fim a uma campanha militar de duas décadas liderada pelos Estados Unidos e apoiada pelos seus aliados, incluindo Portugal.
As forças de segurança afegãs, treinadas pelos militares estrangeiros, colapsaram antes da entrada dos taliban na cidade de Cabul.
Milhares de afegãos, em Cabul, tentam fugir do país e muitos dirigiram-se para o aeroporto internacional onde a situação é caótica.