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O aviso surgiu de várias vozes, mas o autarca de São Paulo foi taxativo: os hospitais do estado brasileiro estão perto do colapso, numa altura em que passaram dois meses desde a primeira morte por Covid-19 no país e o Brasil já totalizou 16 mil óbitos devido ao novo coronavírus.
Os últimos dados divulgados dão conta de uma subida de 485 mortos em apenas 24 horas, e São Paulo continua a ser o estado mais afetado: até esta segunda-feira, registou mais de 62.300 casos, 4782 das pessoas morreram. Mais de três mil mortes estão a ser investigadas de forma a saber se foram causadas pela Covid-19.

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Entre 9 de abril e 15 de maio, o número de mortos subiu em 432%, e os especialistas dizem que o pior ainda está para vir. A região já está a sentir o pesado esforço no sistema de saúde.
O delegado de saúde municipal anunciou que, no setor privado, a taxa de ocupação nas unidades de cuidados intensivos é de 97%; no público baixa para os 90%. "Em função destes números, dos cenários que estamos a ver em termos de evolução dos índices de disseminação e de ocupação na cidade, somos levados a crer que possivelmente em 15 dias o sistema de saúde da cidade de São Paulo estará profundamente comprometido, mesmo com todo o esforço feito até agora."
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Edson Aparecido confirma a previsão também feita pelo prefeito de São Paulo. Bruno Covas garantiu que é necessário reforçar o confinamento para evitar o colapso do sistema de saúde: "Precisamos de ampliar o isolamento, e rapidamente. Estamos ficando sem alternativas. Precisamos de decidir se queremos testar os nossos limites ou se queremos ser prudentes e mantermo-nos firmes e em isolamento social pelo tempo necessário para que o nosso sistema de saúde não entre em colapso. Infelizmente estamos mais próximos disso que gostaríamos."
Ouça o relato da jornalista Margarida Serra.
O governador João Doria criticou Bolsonaro por estar a dificultar o trabalho dos governos estaduais, o que "demonstra, mais uma vez, a insensibilidade, a intolerância e a incapacidade do Presidente de compreender a dimensão do cargo que ocupa", de acordo com Doria.
Depois de São Paulo, os estados mais afetados pela pandemia são Ceará, o Rio de Janeiro e o Amazonas. O Brasil ocupa o terceiro lugar dos países com mais casos de Covid-19 em todo o mundo. Especialistas brasileiros acreditam que os números podem ser maiores do que os divulgados porque existe uma grande falta de testes de diagnóstico.
O Brasil registou de domingo para segunda-feira 485 mortos e 7.938 novos infetados pelo novo coronavírus, totalizando 16.118 óbitos e 241.080 casos confirmados desde o início da pandemia no país, informou o Executivo nas últimas horas.
O Ministério da Saúde indicou ainda que 298 das 485 vítimas mortais registadas no boletim de domingo ocorreram nos últimos três dias, estando ainda a ser investigada a eventual relação de 2450 óbitos com a doença provocada pelo novo coronavírus.
O Brasil é agora o terceiro país do mundo com maior número de casos ativos da doença, apenas atrás dos Estados Unidos da América e da Rússia, segundo o portal Worldometer, que compila quase em tempo real informações da Organização Mundial da Saúde, dos Centros de Controlo e Prevenção de Doenças, de fontes oficiais dos países, de publicações científicas e de órgãos de informação.
Em relação ao número total de casos registados desde o início da pandemia, o país sul-americano ocupa o quinto lugar.