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A organização não-governamental (ONG) Human Rights Watch (HRW) acusou esta terça-feira a ONU de ter recolhido e partilhado dados pessoais de refugiados rohingya sem consentimento, com a informação a chegar a Myanmar (antiga Birmânia), de onde fugiram.
"A agência da ONU para os refugiados de etnia Rohingya recolheu e partilhou indevidamente informações pessoais de refugiados de etnia rohingya com o Bangladesh, que os partilhou com Myanmar, para verificar possíveis repatriamentos", afirmou a HRW em comunicado.
A ONG explicou que, "desde 2018, o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) registou centenas de milhares de refugiados rohingya nos campos do Bangladesh e o Governo do Bangladesh emitiu-lhes cartões de identidade, necessários para receber ajuda e aceder a serviços essenciais".
"O Bangladesh utilizou então a informação, incluindo fotografias analógicas, imagens de impressões digitais e outros dados biográficos para enviar os detalhes dos refugiados ao Governo de Myanmar para possível repatriamento", indicou a HRW.
Ou seja, "as práticas de recolha de dados da agência de refugiados da ONU com os rohingya no Bangladesh foram contrárias às políticas da própria agência e expuseram os refugiados a riscos adicionais", segundo a diretora de crises e conflitos da Human Rights Watch, Lama Fakih, citada na mesma nota.
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"O ACNUR só deve permitir que os dados que recolhe sejam partilhados com os países de origem quando tiver obtido devidamente o consentimento livre e informado dos participantes", concluiu.
A HRW recordou que "desde 2016, mais de 800 mil rohingya de Myanmar foram expulsos ou fugiram de crimes contra a humanidade e de atos de genocídio através da fronteira para o Bangladesh" e que "o Governo de Myanmar continua a levar a cabo crimes contra a humanidade (...) e de perseguição contra a restante população rohingya".