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No relatório de 2022 divulgado, esta quinta-feira, a ONG de defesa dos direitos humanos centrou a análise nos líderes autocratas e nas perspetivas de futuro. A Human Rights Watch acredita que as revoltas populares podem salvar a democracia mas os líderes democráticos têm de fazer mais.
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A organização considera que se olharmos de forma genérica para o mundo tudo aponta para o aumento da autocracia e o declínio da democracia. Essa imagem ganha força vendo a repressão na China, Rússia, Myanmar, Bielorrússia, Sudão, Venezuela e muitos outros países. Mas é também em alguns desses estados que a esperança surge, basta ver as movimentações populares a favor da democracia na Bielorrússia, Sudão e Myanmar.
O líder da Human Rights Watch admite, no entanto, que o perigo não está ultrapassado. No Brasil, por exemplo, a democracia apesar de forte, está ameaçada. Jair Bolsonaro teve tempo de aprender com os erros de Trump e está já a seguir a cartilha, falando em fraude eleitoral mesmo antes de o povo votar. Em conferência de imprensa Kenneth Roth defendeu que o presidente está com medo de perder as eleições, marcadas para outubro, as sondagens apontam nesse sentido, e por isso está já a preparar o futuro.
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Bolsonaro prepara uma alternativa para ficar no poder, mesmo que essa alternativa passe pelo ataque às instituições democráticas. A favor do Brasil está, no entanto, o facto de ter instituições fortes, que não hesitam em fazer frente ao chefe de estado sempre que ele tenta contornar as leis.
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Olhando para os Estados Unidos, Kenneth Roth disse temer que o ataque, de há um ano, contra o Capitólio tenha sido uma forma rudimentar de tentar inverter o resultado eleitoral, mas que os republicanos estejam agora a usar táticas mais sofisticadas. Desde novembro de 2020, vários estados liderados por republicanos estão a aprovar legislação que dificulta a votação, em especial das minorias. A Human Rights Watch acrescenta que nas últimas presidenciais foram os funcionários eleitorais que, recusando-se a ceder às pressões, garantiram a verdade do voto. Os republicanos estão também a tentar ultrapassar, aquilo que consideram ser uma limitação.
Em todas essas situações, a ONG afirma que é preciso que os líderes democráticos estejam à altura dos desafios e respondam aos anseios das populações. Kenneth Roth manifesta a convicção de que o falhanço desses lideres tem permitido a permanência no poder dos autocratas. São as frustrações, e angustias das pessoas que dão força a lideres como Putin, Trump ou Bolsonaro.

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A Human Rights Watch diz que à democracia já não basta ser o melhor dos piores sistemas se o desespero das populações levar à indiferença.