Invasão e vandalismo em Brasília: "Movimento mostrou carácter bárbaro contra instituições da República"

Em declarações à TSF, Clodomiro Bannwart Júnior explica que a tentativa de golpe já estava a ser preparada há algum tempo. Acabou por não se concretizar, mas, para o professor de filosofia política e especialista em direito eleitoral, é evidente a falta de liderança.

Três dias depois da invasão aos poderes legislativo, executivo e judicial no Brasil, ainda se fazem sentir os ecos do incidente. Clodomiro Bannwart Júnior, professor de filosofia política na Universidade Estadual de Londrina e especialista em direito eleitoral, sublinha que a invasão já vinha a ser preparada há algum tempo.

"Este movimento golpista, de intervenção federal, militar, e ao mesmo tempo, a pedir e a clamar um golpe, atravessou o nosso processo eleitoral, com a eleição de Lula. Nos últimos 60 dias, tivemos, no Brasil, pessoas aquarteladas em portas de quartéis, a pedir a intervenção dos militares. Esse movimento acabou por desaguar, no domingo, na capital federal, com um resultado negativo, deplorável, e que demonstra o caráter criminoso e bárbaro que essas pessoas cometeram contra as instituições da nossa República", afirma à TSF Clodomiro Bannwart Júnior.

A tentativa de golpe acabou por não se concretizar, sendo que cerca de 1500 manifestantes já foram detidos, para se apurarem as eventuais responsabilidades na invasão. Para Clodomiro Bannwart Júnior, a falta de uma liderança clara acabou por ser determinante para que a tentativa de golpe desse frutos.

"Não havia uma liderança ou uma organização melhor para efetivação desse propósito que estava na pauta deste grupo, que é um golpe, uma rutura institucional em que as Forças Armadas pudessem assumir o comando do país", explica, sublinhando que as invasões em Brasília "foram plantadas durante a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro".

As forças policiais do Brasil têm sido acusadas de, numa primeira fase, nada terem feito para conter a invasão. Clodomiro Bannwart Júnior reconhece que alguns elementos das forças de segurança estão ao lado do ex-presidente Jair Bolsonaro, e afirma que falta uma declaração forte dos líderes das polícias a colocarem-se ao lado da legalidade democrática.

"Há uma polaridade política que rachou o país em duas parte, mas deveríamos ter uma postura mais presente, forte e energética das Forças Armadas, posicionando-se a favor da legalidade e da Constituição federal", considera.

"Também creio que seria muito importante o reconhecimento da derrota do ex-presidente Bolsonaro, numa tentativa de pacificação do seu grupo político, sobretudo, os mais exaltados que produziram os atos de vandalismo em Brasília", acrescenta.

Apoiantes do ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro invadiram e vandalizaram no domingo as sedes do Supremo Tribunal Federal, do Congresso e do Palácio do Planalto, em Brasília, obrigando à intervenção policial para repor a ordem e suscitando a condenação da comunidade internacional.

A Polícia Militar conseguiu recuperar o controlo das sedes dos três poderes, numa operação de que resultaram cerca de 1500 detidos.

A invasão começou depois de militantes da extrema-direita brasileira apoiantes do anterior presidente, derrotado por Lula da Silva nas eleições de outubro passado, terem convocado um protesto para a Esplanada dos Ministérios.

Entretanto, o juiz do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes afastou o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, por 90 dias, considerando que tanto o governador como o ex-secretário de Segurança e antigo ministro da Justiça de Bolsonaro Anderson Torres terão atuado com negligência e omissão.

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