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O Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, realçou esta quinta-feira que ninguém se deve calar perante a violência instigada pelo ódio contra certas comunidades do país, como a asiática, alertando que não levantar a voz favorece esse problema.
Biden fez um discurso voltado para a comunidade asiática, após um tiroteio ocorrido sábado à noite no Star Ballroom Dance Studio, em Monterey Park, Califórnia, logo após a celebração do Ano Novo Chinês.
O atacante, um homem asiático de 72 anos armado com uma arma de assalto, disparou 42 balas e matou 11 homens e mulheres, todos com mais de 50 anos, suicidando-se no domingo, após ser encurralado pela polícia.
"O ódio não pode ter um porto seguro nos Estados Unidos. Ninguém merece ser tratado com ódio. Todos nós merecemos dignidade e respeito. (...) É muito simples. O silêncio é cúmplice. Não podemos ficar calados. Não vou fazer isso", destacou o chefe de Estado norte-americano durante a celebração do Ano Novo Lunar na Casa Branca.
A organização de sondagens e investigações Pew revelou em maio que um terço dos asiático-americanos admitiram ter mudado as suas rotinas diárias por preocupação, perante as ameaças que receberam.
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Biden enfatizou também que esta comunidade sofreu um aumento do ódio.
No caso de Monterey Park, o agressor foi a um segundo salão de baile após o primeiro ataque, mas foi forçado a fugir depois de ser desarmado por um jovem, Brandon Tsay, também de origem asiática.
"Brandon é um verdadeiro herói. (...) Ele pensou que ia morrer, mas em vez de fugir, pensou nas pessoas lá dentro. Nesse momento, ele seguiu os seus instintos e deixou-se levar pela sua bravura", elogiou Biden.
Na segunda-feira, 600 quilómetros a norte desse local, em Half Moon Bay, outro homem, também de origem asiática, matou pelo menos sete trabalhadores agrícolas chineses em duas quintas.
Cerca de 49.000 pessoas morreram vítimas de armas em 2021 nos Estados Unidos, contra 45.000 em 2020, o que representa mais de 130 mortes por dia, mais da metade das quais são suicídios.
Na terça-feira o Presidente dos EUA pediu ao Congresso para aprovar rapidamente um projeto de lei que fixe em 21 anos a idade legal para comprar uma espingarda de assalto, após nova série de assassínios com armas de fogo.
"O flagelo da violência armada na América exige uma ação mais forte", escreveu Biden numa carta enviada ao Congresso.
Uma das propostas visa proibir completamente a comercialização de armas de assalto de "estilo militar"; a outra visa aumentar de 18 para 21 anos a idade legal para comprar uma arma de assalto normal nos Estados Unidos.
O Presidente há muito que pede, em vão, que seja restaurada nos Estados Unidos a proibição de armas de assalto, como aconteceu entre 1994 e 2004, mas tem esbarrado na oposição do Partido Republicano, que surge em defesa do direito constitucional de posse de armas.
Desde o início do ano, o Partido Republicano controla a Câmara de Representantes, o que torna improvável uma proibição total.