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A junta militar de Myanmar negou esta segunda-feira notícias de um massacre de civis, no qual pelo menos 35 pessoas foram mortas, de acordo com várias fontes, alegadamente perpetrado pelo exército no leste do país.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros da antiga Birmânia afirmou, em comunicado, que aquelas notícias tinham origem em "elementos antigovernamentais, terroristas e grupos rebeldes" e não foram verificadas, de acordo com a imprensa oficial.
A resposta da junta militar, que tomou o poder em 01 de fevereiro, seguiu-se a condenações de embaixadas, incluindo dos Estados Unidos, e de organizações internacionais, como a ONU.
O sub-secretário-geral da ONU, Martin Griffiths, condenou no domingo o assassínio de pelo menos 35 civis e o desaparecimento de dois trabalhadores humanitários da organização não governamental (ONG) Save The Children na cidade de Moso, no estado de Kayah.
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"Relatórios credíveis indicam que pelo menos 35 pessoas foram forçadas a abandonar os seus veículos, mortas e queimadas", disse Griffiths.
Na véspera, a Save the Children tinha relatado que dois trabalhadores estão desaparecidos e salientou que "de acordo com relatos, os militares forçaram as pessoas a sair dos carros, prenderam alguns, mataram outros e queimaram os corpos".
"Condeno este grave incidente e todos os ataques a civis em todo o país", disse Griffiths, que instou as autoridades a "lançar imediatamente uma investigação exaustiva e transparente sobre o incidente, para que os autores possam ser rapidamente levados à justiça".
O responsável pediu também às forças armadas birmanesas e a todos os grupos armados do país para "tomarem todas as medidas para proteger os civis".
De acordo com a imprensa oficial birmanesa, os militares abateram um número desconhecido de "terroristas armados" que viajavam em sete veículos que não tinham intenção de parar a pedido das autoridades.
O estado de Kayah é uma das áreas onde guerrilhas étnicas armadas lutam contra o exército, que desde o golpe militar tem vindo a atacar esta e outras áreas controladas por rebeldes que se opõem à junta.
Por seu lado, a Força de Defesa Nacional Karen (KNDF), ativa na região, salientou que as vítimas são civis e não pertencem às suas fileiras, de acordo com o portal de notícias Myanmar Now.
Myanmar é palco de protestos pacíficos e de um movimento de desobediência civil, duramente reprimido pelos militares, que tomaram o poder, sob a liderança de Min Aung Hlaing.
Quase 11 meses depois do golpe militar, a junta ainda não controla totalmente o país e pelo menos 1.375 pessoas morreram em confrontos, indicou uma ONG birmanesa.