Médicos Sem Fronteiras falam em mais de 100 mortos numa semana no Mediterrâneo

A organização condena a negligência da Itália e de Malta, que não ajudam barcos em perigo, e a indiferença da União Europeia.

Mais de uma centena de migrantes morreram em menos de uma semana no Mediterrâneo central, denunciou, esta quarta-feira, a organização Médicos Sem Fronteiras (MSF), que vê este número como "consequência direta das políticas mortíferas da União Europeia".

Na mesma semana, pelo menos outras 130 pessoas foram intercetadas quando tentavam chegar à Europa de barco e devolvidas à Líbia, onde, "com toda a probabilidade, irão enfrentar abusos e tortura" em centros de detenção líbios, explicou a organização, em comunicado.

"A MSF condena a negligência da Itália e de Malta em ajudar barcos em perigo e a indiferença da União Europeia (UE) e dos seus Estados-membros face ao crescente número de mortes e à contínua violação dos direitos humanos", refere.

Segundo a organização, o número apontado inclui os corpos de quatro crianças e sete mulheres encontrados num resgate, em 31 de março, mas a maioria -- "mais de 90" -- dos migrantes morreu em 02 de abril, depois de passarem quatro dias no mar a tentar chegar à Europa.

A MSF também criticou a devolução dos barcos intercetados à Líbia, país onde, segundo muitos observadores, os migrantes são alvo de violações dos direitos humanos.

Foi o caso de 126 pessoas que viajavam num barco e que foram intercetadas em 31 de março pela guarda costeira líbia, sendo que a MSF acredita que "estejam agora detidos" naquele país.

Perante o cenário, a coordenadora da MSF no navio de resgate 'Geo Barents', Caroline Willemen, sublinhou que o apoio da UE "à guarda costeira líbia é a principal causa de todas as mortes e violações dos direitos humanos que acontecem no Mediterrâneo central".

De acordo com o último relatório anual da Organização Internacional das Migrações, no ano passado, morreram 655 pessoas e outras 897 desapareceram na rota migratória do Mediterrâneo central, uma das mais mortais do mundo, enquanto 32.425 pessoas -- incluindo 1.309 menores -- foram resgatadas ou intercetadas.

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