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O Presidente francês decretou a 10 de Dezembro um «estado de emergência económico e social" para responder aos protestos dos coletes amarelos.
As principais medidas aplicadas há seis meses pelo governo francês são julgadas insuficientes pelos franceses. Entre estas medidas, destaca-se o aumento de 100 euros no salário mínimo, sem encargos para os empregadores desde o inicio do ano, o corte na contribuição social dos pensionistas com reformas inferiores a dois mil euros mensais ou ainda o apelo ao pagamento de prémios anuais aos trabalhadores.
O ponto de partida dos protestos foi gerado pelo descontentamento face à subida dos impostos sobre os combustíveis, evoluindo e traduzindo-se hoje numa luta contra o custo de vida e as políticas de Emmanuel Macron.
Lígia Anjos conversa com o economista Pascal de Lima sobre os seis meses das medidas de Macron para acalmar os protestos dos coetes amarelos
Segundo Pascal de Lima, economista da empresa Harwell Management, o problema continua a ser a concentração de riquezas que « a França copiou do modelo alemão. Portugal vive, de certa forma, o mesmo problema: o Produto Interno Bruto (PIB) pode ser estimulado e pode progredir; se as concentrações de riqueza estão directamente ligadas ao top ten percent dos mais ricos, nāo haverá repartição dessa riqueza e as revoltas vão continuar ». Em Portugal a riqueza está « mais relacionada ao turismo e às empresas estrangeiras, mas em França está ligada à situação de uma elite que concentra muita riqueza », compara Pascal de Lima.
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As medidas aplicadas por Emmanuel Macron desde o aparecimento do movimento dos coletes amarelos representam um investimento de mais de 20 mil milhões de euros, um aumento na despesa pública que a França vai ter de justificar perante Bruxelas.
«20 mil milhões de despesa representa 25% do défice público. Esperamos que haja estimulação das receitas do Estado francês para incentivar ao consumo. No entanto, os efeitos positivos da politica de Emmanuel Macron têm efeitos a curto prazo. Em 2020 e 2021 podem surgir novos problemas: o orçamento do Estado francês terá de ser justificado perante Bruxelas », lembra Pascal de Lima.
Apesar dos custos elevados para enfrentar a crise sócio-política dos coletes amarelos, o Ministro das contas públicas francês garante que será respeitada a redução do défice a 2% do PIB, prevista no programa de estabilidade orçamental.