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Ohmed trabalhava como farmacêutico no Afeganistão e chegou à Grécia em novembro de 2019. Viveu em Moria durante nove meses com a família, mas, há um mês, conseguiu alojamento em Mitilene. Ainda assim, ia ao campo todos os dias porque lidera uma equipa organizada entre os migrantes para dar informação sobre o novo coronavírus.
Deen Mohammad Alizadah conta que a noite foi difícil para as pessoas afetadas pelo incêndio e que dormiram na rua: "Neste momento, milhares de pessoas, famílias com crianças estão a sobreviver nas ruas, em Moria, sem comida, sem água, sem lugar onde dormir. Estão na rua."
O afegão teme que o incêndio tenha provocado mortos, mas ainda não há informação das autoridades. "Um amigo disse-me que viu pessoas em chamas dentro do campo, mas ele só conseguiu gritar por eles, não conseguiu lá ir para resgatá-los. Outras pessoas com quem estou em contacto disseram o mesmo - viram pessoas em chamas e ninguém estava lá para ajudá-las, por isso que acredito que vão começar a surgir relatos de vítimas mortais em Moria."
Deen Mohammad Alizadah descreve um ambiente hostil na ilha e não compreende a decisão do Governo grego de colocar duas mil pessoas em navios da Marinha. "Não é algo lógico, não vai correr bem, porque colocar milhares de pessoas num navio, numa altura em que o vírus está a atacar toda a gente, não faz sentido."
Os migrantes continuam na rua, à espera de indicações. O afegão garante que não há informações por parte das autoridades e que ninguém sabe para onde ir ou o que fazer.
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Ouça a explicação da jornalista Sara de Melo Rocha.

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